GAIA A MÃE TERRA
Deusa Mãe, uma das primeiras divindades a habitar o Olimpo, geradora de todos os deuses, livre de nascimento ou destruição, de tempo e espaço, de forma ou condição.
Gaia a deusa que foi a propiciadora dos sonhos e a protetora da fecundidade. Na mitologia grega, Gaia é a personificação da Terra como deusa.
Segundo as crenças gregas, no princípio havia um grande vazio chamado Caos e todas as coisas estavam mistas umas às outras. Sobre esta confusão reinava a Noite e deles nasceram o Destino sendo os deuses submetidos a eles e para vencer o silêncio e o vazio nasceu o Amor (Eros), produzindo um início de ordem. Com o nascimento do dia, apareceu a terra, a mãe universal. Surgiu do vazio eterno, dançando e girando sobre si como se fosse uma esfera em rotação.
Gaia foi uma das primeiras divindades a habitar o Olimpo, nasceu imediatamente depois do Caos. Tal como Caos, Gaia possuía uma natureza forte e sem intervenção masculina gerou sozinha, Urano ( o Céu), as Montanhas e o Mar. Foi dito que ela tenha gerou Urano com o desejo de se unir a alguém semelhante a si mesma em natureza. Isso porque Gaia personifica a base onde se sustentam todas as coisas, e Urano é então o abrigo dos deuses.
Formou com Urano o primeiro casal divino e dessa união nasceram os Titãs, os Ciclopes e os Hecatonquiros.
Sendo Urano capaz de prever o futuro, temeu o poder de filhos tão grandes e poderosos e não tolerando-os, logo que nasciam, os empurrava de volta para dentro do útero, para o fundo da Mãe Terra, onde estagnavam pela ausência de luz, atividade e liberdade. Finalmente um deles, Cronos, foi secretamente removido do próprio útero da Mãe Gaia e quando o Pai Urano desceu para cobrir Gaia, esse filho rebelde e irado castrou-o, separando assim o Céu e a Terra. Depois libertou seus irmãos e irmãs e, com isso deu início à era dos Titãs. Cronos então jogou os testículos de Urano no mar, porém, algumas gotas caíram sobre Gaia, fecundando-a e fazendo com que nascesse mais um filho, desta vez a Fúria.
Dizia-se que o homem nascera da terra molhada aquecida pelos raios de Sol. Deste modo, da sua natureza todos os elementos e quando morre, sua mãe venerável o recolhe e o guarda em seu seio.
Na Mitologia Grega, não há nada que possa explicar o que fez Gaia e Urano depois de terem criado tantas coisas bonitas, gerarem os titãs, filhos violentos. No entanto, sua chegada significa o fim de uma antiga ordem.
A figura da Deusa Gaia foi uma das primeiras representações divinas criadas pelos seres humanos, na mitologia clássica, personificava a origem do mundo, o triunfo e ordenamento do cosmos frente ao caos, a propiciadora dos sonhos, a protetora da fecundidade e dos jovens. Religiões antigas cultuavam imagens femininas como sagradas por suas relações com a natureza e a fertilidade.
Gaia foi também, a profetiza original do centro de adivinhação da Grécia Antiga, sendo o Oráculo do Delfos.
Delfos era um complexo de construções num terreno sagrado para os antigos povos da Grécia, aonde havia um templo consagrado a Apolo. Nele as sacerdotisas de Apolo faziam profecias baseadas em transes e estas profecias ali obtidas eram consideradas verdades absolutas.
Durante mais de 15 séculos, do nascimento ao fim da cultura grega antiga, o Oráculo de Delfos serviu como local aonde os peregrinos vindos das mais diversas localidades do mundo vinham para consultar as sacerdotisas querendo saber qual o seu destino, da sua família ou da sua pátria. Delfos tornou-se um dos lugares sagrados mais venerados pelos gregos, sendo que suas previsões e predições tiveram enorme repercussão nos destinos de reis, de tiranos e de muita outra gente famosa daqueles tempos.
Como a procura pelas previsões era muita, marcar uma audiência demorava um bom tempo, obrigando a que, com o passar dos anos, outras instalações fossem construídas para abrigar os visitantes, formando um verdadeiro complexo de pequenos santuários, habitações e pousadas para acolher aquela gente toda. A questão para a qual se desejava uma orientação era firmada numa tabuinha de argila e, em seguida, levada à uma das sacerdotisas. Entendida a mensagem, ela recolhia-se para o interior do templo e, sentada num banco começava a aspirar os “vapores divinos” que emanavam das rachaduras abertas no chão.
Dava-se então o momento do transe, quando a sacerdotisa começava a dizer coisas sem nexo, palavras cifradas que aparentemente não tinham nenhum sentido, mas que eram religiosamente anotadas.
A sacerdotisa não herdava sua posição pela nobreza de seus vínculos familiares. Embora devesse ser natural de Delfos, poderia ser velha ou jovem, rica ou pobre, bem-educada ou analfabeta. Ela passava por um longo e intenso período de treinamento, assistida por uma congregação de mulheres de Delfos, que zelavam pelo eterno fogo sagrado do templo.
Gaia, ser primordial de onde todos os Deuses se originaram, o arquétipo da Terra. O Oráculo, considerado o umbigo da Terra, situava-se onde a sabedoria da terra e da humanidade se encontrava.
O culto da Mãe Terra aconteciam em vários locais, Gaia permitia que as fendas e grutas de Delfos falassem através das sacerdotisas sobre a origem do mundo e dos deuses.
Gaia é a energia da própria vida, Deusa pré-histórica da Mãe Terra. Seu poder é encontrado na água e na pedra, nas cavernas, nos animais terrestres e nos pássaros, nas serpentes e nos peixes, nas montanhas e nas árvores.
Quando falamos da Terra, estamos também nos referindo ao Céu, e à relação entre os dois. Separando o que está embaixo com o que está lá em cima, entenderemos o simbolismo no qual, o que está em cima é leve, claro, masculino e ativo, e a Terra, que está abaixo que é pesada, escura, feminina e passiva. A humanidade como um todo reunido em torno do arquétipo Terra está associado tanto a este mundo que é tangível, material e estático, quando ao seu simbolismo oposto do Céu que está ligado ao outro mundo, intangível, espiritual e dinâmico.
Para entendermos a Deusa Mãe, devemos entrar em contato com as contradições Céu e Terra, Espírito e Natureza.
A imagem cristã da Terra durante a Idade Média era negativa, pois, o arquétipo positivo do Céu era dominante. O lado terreno então, deveria ser sacrificado em nome do Céu, porque a Terra era feminina, pertencendo ao mundo dos instintos, representada pela sexualidade, sedução e o pecado.
A partir da Renascença a Terra se libertou, tornando-se Natureza em um mundo a ser descoberto mostrando toda a sua riqueza viva e não estando em oposição com um Espírito Céu da divindade, mas na qual a essência divina se manifesta.
O espírito hoje buscado é o espírito da Terra e da humanidade.
Reverenciar os princípios femininos e a consciência da Deusa Gaia, nos ajuda a nos colocar em contato com a beleza e a magia da natureza e todas as suas criaturas. Reconhecer esta Deusa da Natureza, como nossa Mãe Terra, ajuda a expandir nosso respeito ao meio ambiente e nossa busca do equilíbrio entre as energias masculinas e femininas, para que, em lugar de competir, trabalhemos juntos, para o bem individual e coletivo.
Diante do despertar de valores ligados à preservação das formas de vida no planeta, várias religiões tentam modernizar antigos rituais de adoração à Deusa Mãe e suas manifestações. A maioria das mulheres, já lança mão da sabedoria da Deusa, para ocupar seu espaço na terra e no presente milênio.
A Teoria de Gaia sustenta que o planeta é um ser vivo, que a biosfera do planeta é capaz de gerar, manter e regular as suas próprias condições de meio-ambiente. Com o fenômeno do aquecimento global e a crise climática no mundo, a hipótese tem ganhado cada dia mais credibilidade entre cientistas, pesquisadores e místicos.
As relações da mãe Terra às ações humanas podem ser entendidas como uma resposta auto-reguladora desse imenso organismo vivo, Gaia, que sente e reage organicamente, principalmente pela surpresa da terra estar aguentando o tranco, afinal o ser humano está literalmente destruindo o planeta.
A Terra é uma interação entre o vivo e o não-vivo. Precisamos perceber que fazemos parte de um organismo vivo que se auto-regula e interage com os outros seres.
Gaia impeliu o movimento da descoberta de si e da realização pessoal, pois esse movimento afasta-nos da agressão contra a natureza. Compreendemos agora porque as necessidades da pessoa e as do planeta coincidem: essa coincidência provém de que, em sua superior sabedoria, Gaia cria os primeiros a fim de satisfazer aos segundos! O que pensávamos ser uma aspiração individualista espontânea atende a um arranjo planetário. Somos apenas os instrumentos de Gaia, e a volta à ética do desabrochar psicológico e espiritual foi deliberadamente desejada por ela.
Com a evolução do homem e o despertar da consciência as forças da natureza fizeram com que o homem começassem a compreender que o raio incendiário, a tormenta voraz, o mar tempestuoso ou o sol que escurece no meio do céu não são fenômenos casuais e aleatórios, mas têm alguma causa, obedecem a uma lei misteriosa, a alguma autoridade poderosa da qual depende a vida de tudo e de todos.
O homem passou a atribuir o destino a mãe Terra, ao espírito cósmico, não importando qual seja a denominação ou a personificação que estas forças passem a ter, elas funcionam como explicação e como origem para tudo o que ocorre.
A partir de então, começa a lenta vitória da inteligência sobre o medo milenar da escuridão, da morte: o caos, o cego aglomerado da matéria primordial, anima-se, cria vida e toma forma, torna-se um cosmos, isto é, um universo organizado, onde cada força cósmica recebe um nome e uma função.
A criação deste mundo deu a vantagem do homem não estar mais sozinho, pois ele sabe que em cada fenômeno da natureza se escondem as presenças sobre-humanas; aprende a reconhecê-las e a chamá-las pelo nome e oferece sacrifícios e preces em sua homenagem para merecer proteção.
Contudo, os deuses eram também influenciados pelos hábitos dos humanos e muitas vezes preferiam a terra ao céu e o amor dos mortais ao dos imortais. Nascem, então, os bastardos, meio deuses e meio homens, os semideuses que, colocados pelo Destino, entre o céu e a terra, participam igualmente de prerrogativas divinas e limitações humanas. O Olimpo torna-se pequeno para acolher a enorme proliferação de deuses, cada um gerador de forças que governam cada ato da vida. E daí muitos deuses se transferem para a terra e passam a morar entre seus adoradores. Este é um outro momento de grande importância para a evolução da consciência humana, a percepção da proximidade entre o céu e a terra, quando o homem compreende que seu corpo mortal pode acolher e conservar em si a imortalidade, própria dos deuses. A ciência secreta tornou-se a ciência natural
Você mesma pode inventar seu próprio ritual, desde que esteja em contato com a Natureza, tudo é válido.
Gaia faz do planeta Terra um "superorganismo" capaz de se auto-regular, uma entidade viva fazendo uso pleno dos seus direitos, com capacidade de realizar ajustes e até mesmo otimizar as condições necessárias para manter vida na Terra, passando pelos mecanismos naturais que regulam desde o clima até a biodiversidade.
Vamos deixar que a Deusa renasça, se expresse em nossas intenções, vontades e desejos, para que possamos extrair de nosso corpo os movimentos sagrados de sua dança e deixar que esta possa embalar nossos sonhos. Reverenciar Gaia não requer nenhuma fé, a simples consciência das manifestações da natureza que ocorrem a nossa volta, já é o bastante para absorvermos sua energia.
Coloque os pés descalços na terra e brinque de árvore, enraizando-se e sugando a seiva da Terra;
ORAÇÃO A MÃE TERRA
Mãe Terra ajude-nos a encontrar, dentro do nosso coração, a força e a determinação da semente, que vence a escuridão da terra, a resistência da casca, e avança em direção aos raios do Sol, só para realizar plenamente o ofício de existir.
Dai-nos a fecundidade da terra úmida, que acolhe todas as sementes, abençoa e nutre todos os brotos e continua de braços abertos pra acolher o fruto que cai, ou a árvore que já esgotou o tempo de ficar em pé e deita, para sempre, no colo bendito da Mãe.
Que cada ser vivente, consiga descobrir dentro e si, a força do jacarandá; a beleza da flor que abre e confia; a generosidade do fruto que se oferece, sem restrições; a flexibilidade da taboa; a determinação das ondas que sempre retornam; a transparência e a pureza da água que jorra da nascente...
Ensinai-nos a acolher, nutrir e proteger todos os filhos da Terra, para que a Vida seja leve como o vôo da borboleta e bela como um entardecer do outono.
Que nosso coração saiba que o Sol está escondido por detrás das nuvens, quando chegar à época das tempestades e o medo tomar conta da nossa Alma.
E, quando chegar o tempo de deixar o tempo, dai-nos a sabedoria e a humildade para aceitar esse colo sagrado, este último berço, que está preparado, desde sempre, para acolher o nosso corpo cansado e carente de silencio e paz.
Que o brilho da Deusa possa nos cobrir. Por Adriana Mello
adrianafmello@ig.com.br