segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Cientistas revelam que hormônio poupa homens de dores intensas

A testosterona, o hormônio sexual masculino, ativa o mecanismo de analgesia do nosso organismo que tem a capacidade de modular a dor aumentando a liberação de substâncias semelhantes à morfina.

A operadora de telemarketing Fernanda Leme e o estudante Renan Cardoso sofrem do mesmo mal: uma disfunção na articulação que liga o maxilar à mandíbula, conhecida como ATM. Ela é uma das causas mais comuns das dores de cabeça e atinge entre 10% a 15% da população. Embora os dois tenham a mesma doença, a intensidade da dor que eles sentem varia muito. “Primeiro, eu sinto uma pressão. Quando vou falar ou mastigar, sinto uma pressão muito forte nessa região. É uma dor que não fica só no local. Ela vai subindo até a cabeça”, explica Fernanda. “De manhã, acordo com uma dor muito mais intensa e, ao longo do dia, ela vai diminuindo”, acrescenta Renan.
Há mais de 10 anos, a fisioterapeuta e pesquisadora Cláudia Herrera Tambeli, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), estuda a diferenciação dos sexos na percepção da dor. De acordo com ela, o número de mulheres com dor na ATM é o dobro dos homens. Os estudos dela demonstraram também que a intensidade da dor entre os dois é bem diferente, conforme Fernanda e Renan disseram. “Em uma escala que vai de zero a dez, é comum a gente observar as mulheres relatando a intensidade da dor entre sete e dez, e os homens por volta de cinco e quatro”, esclarece a pesquisadora.
Um dos fatores que explica essa diferença é a testosterona, o hormônio sexual masculino. Ele ativa o mecanismo de analgesia do nosso organismo que tem a capacidade de modular a dor aumentando a liberação de substâncias semelhantes à morfina. Uma delas é a endorfina – produzida pelo cérebro durante e depois de atividade física – que aumenta o bem estar e diminui o estresse.
As mulheres, além de terem um índice menor de testosterona que os homens, também apresentam uma variação dos hormônios sexuais femininos (o estrogênio e a progesterona), durante todo o período reprodutivo. Quando há uma queda desses hormônios, a intensidade da dor é maior. “O estrogênio, na verdade, diminui a dor na articulação temporo-mandibular”, explica Claudia. “A dor varia. Até meus familiares percebem”, conta Fernanda. “A minha dor tem a mesma intensidade, todos os dias”, diz Renan.
Embora a intensidade da dor seja diferente, homens e mulheres usam os mesmos remédios e as mesmas dosagens para amenizar o sofrimento. Aprofundar os estudos que destacam as diferenças sexuais e as variações hormonais na forma de sentir e se relacionar com a dor podem revolucionar a indústria farmacêutica, até porque esses pontos não são levados em consideração nos tratamentos farmacológicos, até agora.
O foco da pesquisa de doutorado da cirurgiã-dentista Nádia Moreira está na relação entre os hormônios sexuais e os efeitos dos analgésicos. “E a gente vai querer diferenciar a resposta deste medicamento entre homens e mulheres e no sexo feminino, nas diferentes fases do ciclo menstrual”, relata a pesquisadora.
As mulheres também saem em desvantagem quando o assunto é estresse. “Vários estudos mostram que as mulheres têm um índice de cortisol maior que os homens: em torno de 20% a 30%”, destaca a pesquisadora da Unicamp, Heloisa Ferreira.
Seria a testosterona protegendo os homens? O estresse é uma reação do organismo diante de um fator que signifique ameaça. Aumenta a frequência cardíaca, a respiratória e a contração muscular. Na dose certa, ele é um estímulo para vencer os desafios. “Ele vai te manter animado e disposto”, acrescenta a pesquisadora da Unicamp, Dora Kassisse.

fonte: g1.globo.com/globo-reporter

 

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