Encontro entre ciência ocidental e espiritualidade oriental
A adesão do Ocidente à filosofia e ao misticismo orientais tem uma história longa, abrangendo os escritos de Henry David Thoreau,
“o primeiro iogue americano”, a famosa peregrinação que os Beatles
fizeram a Índia em 1968 e o interesse científico atual por práticas
contemplativas antigas como a meditação e a ioga, assim como outros
exemplos não menos celebres.
A disseminação de ideias e práticas
indianas moldou a visão da espiritualidade que temos no Ocidente. Mas a
ideias indianas milenares também exercem influência em áreas mais
improváveis: ciência, medicina e psicoterapia modernas. À medida que
cresce o interesse científico pela experiência interior do indivíduo,
parece que estamos assistindo, parece que estamos assistindo a um
encontro de mentes entre a ciência ocidental e espiritualidade oriental.
A Ioga pode curar a mente e o corpo
A ioga, prática indiana milenar que envolve a mente e o corpo, virou uma atividade que movimenta 27 Bilhões nos Estados Unidos.
Embora a ioga ocidental guarde
semelhança apenas parcial com a prática meditativa e escola filosófica
indiana tradicional, ela pode ser considerada a prática espiritual
oriental mais influente e amplamente difundida que se disseminou fora do
subcontinente indiano.
No Ocidente tendemos a usar o termo “ioga” para descrever apenas as posturas físicas, ou ássanas.
Tradicionalmente, porém, o aspecto
físico da ioga é apenas uma parte pequena da prática, algo que visava
preparar o corpo para longos períodos de meditação.
Criado com o objetivo de acalmar a mente
e buscar a união com o divino, acredita-se que a ioga (que significa
“unidade” em sânscrito) promove a saúde do corpo, da mente e do
espírito.
“A saúde é um estado de harmonia completa de corpo, mente e espírito”, disse o famoso mestre iogue indiano B.K.S Iyengar. Quando nos libertamos das incapacidades físicas e distrações mentais, as portas da alma se abrem.
As evidências dos benefícios espirituais
da ioga ainda são quase todas empíricas mas um grupo crescente de
pesquisas liga a prática de ássanas da ioga a uma série de efeitos para a
saúde física e mental.
Descobriu-se que a ioga reduz os
sintomas de depressão e ansiedade, alivia a dor crônica das costas,
reduz o nível de estresse, fortalece a função cerebral e melhora a saúde
cardíaca.
Hoje os cientistas sabem o porquê. Quase
imediatamente depois de ser iniciada a sua prática, o impacto positivo
da ioga se estende até o nível celular, afetando a expressão dos genes
nos leucócitos, segundo um estudo norueguês de 2013.
As mudanças benéficas podem resultar em imunidade maior e redução de inflamações.
“Ocorrem mudanças rápidas (em até duas
horas após o início da prática) e importantes na expressão
genética…durante um programa abrangente de ioga” escreveram os
pesquisadores no assunto.
“Os dados sugerem que os efeitos
anteriormente relatados da prática ioga possuem um componente
fisiológico integral ao nível molecular que é iniciado imediatamente
durante a prática e pode formar a base para efeitos estáveis a longo
prazo.
A respiração afeta nosso bem estar e saúde
De acordo com um manual de ioga do
século 15, o Hata Yoga Pradipika, temos que aprender a controlar a
respiração para controlar a saúde, longevidade e paz de espírito.
A prática da respiração iogue conhecida
como pranayama – que significa “extensão da força vital”, em sânscrito –
é usada a séculos para curar corpo e mente.
“Quando a respiração se desvia, a mente
também fica inconstante”, diz o Pradipika. Mas quando a respiração se
acalma, a mente também o faz, e o iogue alcança vida longa.
O modo como respiramos pode ter impacto
grande sobre nosso bem-estar e nível de estresse e pode até gerar
mudanças físicas no corpo, como a redução de pressão sanguínea.
A prática da respiração controlada na
meditação pode aumentar o tamanho do cérebro, aumentando a espessura
cortical, segundo um estudo de Harvard de 2005.
Entre músicos, 30 minutos de respiração
profunda podem reduzir a ansiedade antes de apresentar-se em público, e
estudantes da terceira série que praticam respiração profunda antes de
um exame sentem menos ansiedade e insegurança e se concentram melhor.
A prática da respiração profunda pode reduzir a pressão sanguínea, segundo o Dr. David Anderson, dos Institutos Nacionais de Saúde.
“Geralmente não pensamos na nossa
respiração, assim como não pensamos nas nossas batidas cardíacas”, disse
ao Huffington Post no ano passado uma especialista em respiração do
Instituto de Ioga Integral, Carla Ardito. “A diferença com a respiração é que podemos treina-la.”
A cúrcuma realmente é uma cura milagrosa
Boa parte do aroma delicioso da
cozinha indiana tradicional e de sua cor amarela vibrante vem da
cúrcuma, um condimento saboroso e poderoso agente anti-inflamatório.
O uso da cúrcuma na tradição védica vem de pelo menos 4.000 mil anos atrás.
Historicamente, a cúrcuma não era usada
apenas como tempero – também exercia um papel nas cerimônias religiosas e
era empregada medicinalmente dentro da tradição da saúde holística
ayurveda (“ciência da vida”).
A ciência nutricional confirma que a cúrcuma de fato possui propriedades curativas poderosas.
Testes clínicos descobriram que ela
combate a indigestão e azia, reduz o risco de ataque cardíaco, repara
células tronco cerebrais e possivelmente até combate células
cancerígenas.
A cúrcuma pode ser especialmente benéfica para uma população mais idosa.
De acordo com pesquisas recentes, o
acréscimo de uma grama de cúrcuma ao desjejum pode ajudar a melhorar a
memória das pessoas com risco de debilidade cognitiva.
A meditação realmente conduz a uma espécie de iluminação
Segundo os textos iogues antigos, anos
(oi vidas) de prática da meditação podem acabar levando à iluminação, ou
união com o divino.
Quando as flutuações da mente são completamente acalmadas, ficamos livres para vivenciar o Eu verdadeiro – a alma divina.
É claro que seria difícil provar se a meditação é ou não um caminho para se chegar diretamente a Deus.
Mas a ciência moderna mostrou que a meditação regular pode iluminar mente de várias maneiras.
Quando a mente se aquieta com a prática
de meditação, ocorrem movimentações reais no cérebro; já foi demonstrado
que a prática da “mindfulness” (atenção consciente) eleva a
neuroplasticidade e até reconstrói fisicamente a massa cinzenta
cerebral.
A prática de meditação por oito semanas
encolhe a amígdala cerebelosa – o centro cerebral da reação de lutar ou
fugir – e espessa o córtex pré-frontal, uma área associada à
consciência, concentração e tomada de decisões.
Isso pode exercer efeitos físicos e
psicológicos poderosos. A atenção consciente reduz o estresse ao
diminuir os níveis do cortisol, o hormônio do estresse do corpo.
A meditação também é uma maneira
poderosa de combater problemas de saúde mental: foi constatado
recentemente que um treino de meditação em grupo foi tão eficaz quanto
várias sessões tradicionais de terapia comportamental cognitiva para
reduzir os sintomas de ansiedade e depressão.
Façanhas mentais incríveis foram documentadas entre meditadores altamente experientes.
Um estudo constatou que anos de
meditação podem geral mudanças nas redes neurais cerebrais que rompem a
barreira perceptiva e psicológica entre o eu e o outro, levando o
meditador a experimentar um sentimento de harmonia total entre ele o
mundo em volta.
Normalmente o cérebro alterna entre a
rede extrínseca (usada quando focalizamos coisas fora de nós mesmos) e a
rede intrínseca, que envolve a autorreflexão, a emoção e o pensamento
autorreferencial.
Essas redes raramente atual juntas. Mas
estudos de imageamento cerebral revelam que alguns monges e meditadores
experientes conseguem manter as duas redes ativas ao mesmo tempo quando
meditam, possibilitando um senso real da unidade.
O monge budista francês Matthieu Ricard
comentou: “Meditar não é simplesmente ficar sentado debaixo de uma
mangueira, sentindo extasê. É algo que muda seu cérebro completamente, e
assim, muda o que você é.”
É possível que tudo realmente esteja interligado
Podemos pensar na física e na
espiritualidade como sendo coisas que se opõem por completo, mas
recentemente algumas pesquisas de física teórica e quântica vêm
embasando cientificamente os princípios básicos do místicismo oriental.
O físico e escritor austríaco Fritjof Capra escreve: “A física nos conduz hoje a uma visão de mundo que é essencialmente mística.”
Uma explicação resumida: segundo a
metafísica oriental, tudo no universo está interligado e a consciência
permeia toda a matéria.
Já na ciência ocidental, a visão mais
comum sugere que a consciência só ocorre nos humanos como subproduto de
mudanças físicas no cérebro.
Mas algumas pesquisas de física quântica
hoje embasam a visão oriental de que os estados mentais talvez não
dependam exclusivamente dos estados materiais; logo, que a consciência
pode existir separadamente de qualquer espécie de modificações que
ocorram no cérebro físico.
Em outras palavras, pode haver conexões
não locais entre fênomenos físicos e mentais – até mesmo matéria que
pareça estar separada pode estar interligada, de alguma maneira.
“A teoria quântica…revela uma unidade básica do universo.”, escreve Capra em O Tao da Física.
“Ela mostra que não podemos decompor o
mundo nas unidades menores que existem independentemente. Á medida que
penetramos na matéria, a natureza não nos mostra quaisquer “blocos
básicos” isolados, mas, em vez disso, se mostra como uma teia complexa
de relações entre as várias partes do todo. Essas relações sempre
incluem o observador de maneira essencial. O observador humano constitui
o elo final na cadeira de processos observacionais, e as propriedades
de qualquer objeto atômico só podem ser entendidas em termos da
interação do objeto com o observador.”
Também o eminente físico teórico David Bohm,
chegou à conclusão de que existe uma unidade subjacente dos elementos
que, em nossa percepção limitada, aparentam ser separados.
“A mente e a matéria não são substâncias
separadas”, ele escreveu em The Undivided Universe. “São aspectos
diferentes de nosso movimento inteiro e ininterrupto.”
*Jardim do Mundo
Normal
ou não, um clichê da sociedade contemporânea ou um casal unido por
amor, afinidades e desafinidades, que transforma arte e ciências em
pequenos trabalhos domésticos.
Criar um jardim onde antes não se imaginava poder, provar de inúmeras receitas que são também oportunidades, utilizar e reutilizar o máximo, aprender e aplicar princípios que projetam um estilo de vida mais simples e otimista, acreditando que podemos fazer algo de bom ou de belo enquanto fazemos algo para nós e não apenas para nós.
Criar um jardim onde antes não se imaginava poder, provar de inúmeras receitas que são também oportunidades, utilizar e reutilizar o máximo, aprender e aplicar princípios que projetam um estilo de vida mais simples e otimista, acreditando que podemos fazer algo de bom ou de belo enquanto fazemos algo para nós e não apenas para nós.
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