O sociólogo polonês Zygmunt Bauman é um dos intelectuais mais
respeitados da atualidade. Aos 87 anos seus livros publicados venderam
mais de 200 mil cópias. Um resultado e tanto para um teórico.
Entre eles “Amor liquido” é talvez o livro mais popular de Bauman no
Brasil. É neste livro que o autor expõe sua análise de maneira mais
simples e próxima do cotidiano, analisando as relações amorosas e
algumas particularidades da “modernidade liquida”. Vivemos tempos
líquidos, nada é feito para durar, tampouco sólido. Os relacionamentos
escorrem das nossas mãos por entre os dedos feito água.
Ele tenta nos mostrar nossa dificuldade de comunicação afetiva.
Todos querem relacionar-se, mas chega na hora, não conseguem. Seja por
medo ou insegurança.
Bauman cita como exemplo um vaso de cristal, na primeira queda, quebra.
As relações terminam tão rápido quanto começam, as pessoas pensam
terminar com um problema cortando seus vínculos, mas o que fazem mesmo é
criar problemas em cima de problemas.
É um mundo de incertezas. E cada um por si. Temos relacionamentos
instáveis, pois as relações humanas estão cada vez mais flexíveis.
Acostumados com o mundo virtual, e com a facilidade de se “desconectar”
as pessoas não conseguem manter um relacionamento de longo prazo.
É um amor criado pela sociedade atual (modernidade líquida) para
tirar-lhes a responsabilidade de relacionamentos sérios e duradouros.
Pessoas estão sendo tratadas como bens de consumo, caso haja defeito,
descarta-se ou até mesmo troca-se por versões mais atualizadas.
O romantismo do amor parece estar fora de moda. O amor de verdade foi
banalizado, diminuído a vários tipos de experiências vividas pelas
pessoas, na qual se referem a estas utilizando a palavra amor. Noites
descompromissadas de sexo são chamadas “fazer amor”. Não existem mais
responsabilidades de estar amando, a palavra amor é usada mesmo quando
as pessoas nem sabem direito seu real significado.
Ainda para tentar explicar a relações amorosas
em “Amor Líquido”, Zygmunt Bauman fala da “ Afinidade e Parentesco.” O
parentesco seria o laço irredutível e inquebrável é aquilo que não nos
dá escolha
A afinidade é, ao contrário do parentesco, voluntária. A afinidade é
escolhida. Porém, e isso é importante, o objetivo da afinidade é ser
como o parentesco.
Entretanto, vivendo em uma sociedade de total “descartabilidade” até as
afinidades estão se tornando raras.
Bauman fala também sobre o amor próprio. Afirma que as pessoas precisam
se sentir amadas, ouvidas, amparadas ou que sintam sua falta. Segundo
ele ser digno de amor é algo que só o outro pode nos classificar, o que
fazemos é aceitar essa classificação.
Mas com tantas incertezas, relações sem forma, líquidas, na qual o amor
nos é negado como teremos amor próprio?
Os amores e as relações humanas de hoje são todos muito instáveis. E
assim não temos certeza do que esperar. Relacionar-se é caminhar na
neblina, sem a certeza de nada. É uma descrição poética da situação.
"Para ser feliz há dois valores essenciais que são absolutamente
indispensáveis [...] um é segurança e o outro é liberdade, você não
consegue ser feliz e ter uma vida digna na ausência de um deles.
Segurança sem liberdade é escravidão. Liberdade sem segurança é um
completo caos. Você precisa dos dois. [...] Cada vez que você tem mais
segurança você entrega um pouco da sua liberdade. Cada vez que você tem
mais liberdade você entrega parte da segurança. Então, você ganha algo e
você perde algo". Bauman
fonte : http://lounge.obviousmag.org/de_dentro_da_cartola/2013/11/zygmunt-bauman-vivemos-tempos-liquidos-nada-e-para-durar.html
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