NOS ILUDIMOS POR QUE QUEREMOS OU POR QUE PRECISAMOS?
Nossas experiências são únicas, são o que temos, o que levamos conosco,
como também são únicas nossas reações. Constantemente criamos fantasias
em nossa mente, bloqueamos nossa consciência e recusamos a aceitar a
verdade, nossas próprias verdades. Não queremos enxergar o que está na
nossa frente.
Para não enxergar determinadas verdades usamos os mais
variados mecanismos de defesa, seja de forma consciente, seja de forma
inconsciente. Isso tudo para evitar ou reduzir os eventos, os fatos, os
acontecimentos da nossa vida que nos são inadmissíveis por questões
nossas, pelo contexto que vivemos ou mesmo por medo.
A sensação de
que podemos controlar a nossa vida, a vida dos outros e o mundo a nossa
volta é uma das mais frequentes ilusões. Nem sempre é fácil diferenciar a
ilusão de controlar e a realidade de amar e de compreender.
A consciência humana está quase sempre envolvida por ilusões que impossibilitam,
por um lado, a capacidade de autopercepção; por outro, dificultam o
contato com a realidade das coisas e pessoas. Uma amiga uma vez me disse
que “tem pessoas que precisam de menos para controlar mais”. Essa frase
ficou martelando na minha cabeça. De fato, quanto menor a intensidade
do que sentimos, quanto menos sentimos, mais fácil o controle da
situação e mais sob controle estamos no sentido das nossas expectativas.
Temos a falsa ilusão que podemos controlar ou que o mundo externo está
sob o nosso controle, mesmo nesse caso.
É claro que quanto menos
sentimos mais estamos conscientes do que acontece, tanto conosco como
com o outro. Estamos mais atentos e conectados com o mundo ao nosso
redor. No entanto, quanto menos se sente menos se espera menos se quer
e, em contrapartida, menos se vive no sentido de experimentar sensações,
de se surpreender e de se permitir a entrega.
Existem pessoas que
escolhem viver com menos e se sentem bem, tranquilas, seguras e prezam a
zona de conforto. Não existe certo e errado nas escolhas. O importante é
estarmos felizes e satisfeitos com elas e que não culpemos ninguém
pelos nossos desacertos, pelas nossas ilusões, pelos caminhos que
escolhemos seguir, pois são nossos. E os únicos responsáveis pela vida
que temos e pelas experiências que vivemos somos nós mesmos, sejam elas
mornas, quentes ou frias, conscientes ou não, reais ou ilusórias.
Por: Ana Paula Matos/ Psicanalista e Terapeuta Holística
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