terça-feira, 4 de junho de 2013

A Impermanência ...

"No Budismo é dito que a Existência Cíclica (samsara) é caracterizada pela Impermanência, Insatisfação ou Sofrimento e pelo Não-Eu.

O Buddha disse: "
Por mais firmemente que vocês se agarrem, não podem permanecer. Qual a vantagem de ficar assustados e com medo do que é inalterável? Todos os fenômenos compostos são impermanentes."

Este é o primeiro selo dos quatro selos do Dharma. A familiarização com este selo é de fundamental importância para prática budista, visto que, a impermanência é uma marca de todos os fenômenos compostos, uma característica do mundo Saha, inevitável e fundamental.

Buddha dizia, que 
s pessoas não sofrem pelos fenômenos serem impermanentes, sofrem por desejarem que aquilo que é impermanente seja permanente.

Deste modo, devemos observar a cada instante a impermanência, as mudanças cíclicas e não simplesmente sermos carregados pelas sensações que emergem com elas.

Segundo o Lama Padma Samten nossa mente funciona como uma criança em uma roda gigante, quando sente prazer é como se estivesse no alto da roda e gostaria que ela parasse, quando percebe o sofrimento é como se estivesse na parte baixa da roda e gostaria que ela acelerasse. Mas na realidade são apenas movimentos da roda, são cíclicos e interdependentes, um necessita do outro para existir e ambos necessitam de alguém para serem percebidos e interpretados.

Mestre Chagdut Tulku Rinpoche disse:
"Um dos melhores métodos para desenvolver prática espiritual pura é meditar continuamente sobre a impermanência."

As mudanças são contínuas. 

Dia-a-dia, uma estação corre para a próxima. O dia vira noite, a noite, dia. Prédios não ficam velhos de repente; na realidade, a cada segundo, desde o momento em que foram construídos, começam a deteriorar. 
Vemos também a ação da impermanência em nossos relacionamentos. Quantos de nossos familiares, amigos, pessoas de nossa cidade natal morreram? Quantos se mudaram para outros lugares, desaparecendo de nossa vida para sempre?

Há um tempo, sentíamo-nos felizes apenas ao estar junto de uma pessoa amada. Só segurar a mão daquela pessoa nos provocava sentimentos maravilhosos. Agora, talvez não possamos aturá-la, não queiramos saber coisa alguma sobre ela. Tudo o que se forma tem que se desfazer, tudo o que se junta tem que se separar, tudo o que nasce tem que morrer. Mudanças contínuas, mudanças implacáveis, são constantes em nosso mundo.

Se vivermos a duração normal de uma vida e tivermos uma morte natural, ficaremos mais e mais enfraquecidos, até que, um dia, não conseguiremos mais sair da cama. Talvez não seremos capazes de nos alimentar, de evacuar ou de reconhecer as pessoas à nossa volta. Em um dado momento, morreremos, nosso corpo uma casca vazia, nossa mente vagando pela experiência do pós-morte. Este corpo, que foi tão importante por tanto tempo, será queimado ou enterrado. Pode mesmo vir a ser devorado por animais selvagens ou pássaros. Em um dado momento, nada restará para fazer lembrar aos outros que um dia estivemos aqui. Nós nos tornaremos nada mais do que uma lembrança.

Como o corpo e a mente, nossa fala está constantemente mudando: cada palavra que enunciamos se perde; outra se apressa para substituí-la. Não há nada que possamos apontar que seja imutável, estável, permanente.

Precisamos incutir em nós mesmos uma consciência contínua da impermanência, que esteja viva momento a momento. Isso porque a vida é uma corrida contra a morte, e a hora da morte é desconhecida. 
 
Contemplar a aproximação da morte muda as nossas prioridades e nos ajuda a abrir mão do nosso envolvimento obsessivo com coisas ordinárias. Se permanecermos sempre conscientes de que cada momento pode ser o nosso último, iremos intensificar a nossa prática para não desperdiçarmos nem fazermos mal uso da nossa preciosa oportunidade humana. 
 
À medida que amadurece a contemplação dessa verdade, será fácil apreendermos os mais elevados, os mais profundos ensinamentos budistas. Vamos ter alguma compreensão de como funciona o mundo, como as aparências surgem e se transformam. Vamos passar de um mero entendimento intelectual da impermanência para a compreensão de que todas as coisas sobre as quais baseávamos nossa crença na realidade são apenas um cintilar de mudança.

Começaremos a ver que tudo é ilusório, como um sonho ou uma miragem. Embora os fenômenos apareçam, na verdade nada estável está de fato presente.

Então, poderíamos perguntar, o quê terá utilidade para nós quando morrermos? 
 
Não importa quão agradáveis ou simpáticos as pessoas pensem que somos; depois que estivermos mortos, elas não vão querer o nosso corpo por perto. Nem serão capazes de ir conosco, não importa quem sejam ou quão felizes nos fizeram. Temos que morrer sós. 
 
Isso é verdade mesmo se formos famosos, mesmo se formos tão ricos quanto o próprio deus da prosperidade. Na hora da morte, toda a riqueza que acumulamos, todo o poder, status e fama que conseguimos, todos os amigos que reunimos — nenhuma dessas coisas nos será de valia. 
 
Nossa consciência será extraída do ambiente em que estivermos de forma tão cirúrgica quanto um fio de cabelo de um bloco de manteiga. A única coisa que irá nos beneficiar será nossa prática do dharma; a única coisa que nos seguirá na morte será nosso karma positivo e negativo. Nada mais."
  Shaku Doken em Impermanência

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