segunda-feira, 3 de junho de 2013

As energias que vêm do coração

Centro cardíaco irradia ondas de energia poderosas, possui uma inteligência específica e pode ser o elo entre nós e uma realidade transcendente.




coração
É inacreditável, mas até hoje se sabe muito pouco sobre o coração. Porém resultados de pesquisas a respeito desse órgão vital realizadas nos últimos 20 anos estão deixando alguns cientistas completamente boaquiabertos. “O coração é o centro físico de um sistema circulatório com 75 trilhões de células. É também o centro eletromagnético do corpo, emanando 5 mil vezes mais eletromagnetismo que o cérebro e seis vezes mais eletricidade. Cerca de 60 a 65% de suas células são neurais, exatamente como os neurônios cerebrais”, escreve a autora americana Cindy Dale num parágrafo que resume boa parte das pesquisas científicas atuais sobre esse assunto e que faz parte de seu livro The Subtle Body (O Corpo Sutil, ainda sem versão em português). Hoje já se sabe que o campo eletromagnético liberado pelo coração tem o mesmo formato do campo que irradia da Terra ou do Sol. Também já foi provado que ele é extraordinariamente mais potente que o campo cerebral e que pode ser medido a uma distância de até 3 m. Estudos científicos indicam igualmente que dentro do coração há um pequeno cérebro, um sistema nervoso independente, com aproximadamente 40 mil neurônios. Esse complexo neuronal é gerador de uma inteligência própria, diferenciada, que processa informações e que também envia sinais para o sistema límbico cerebral (responsável pelo processamento das emoções) e para o neocórtex (a parte onde acontecem os pensamentos).
Isso quer dizer que existe um fluxo constante de troca de informações do cérebro para o coração e do coração para o cérebro. Na realidade, a troca de informações do coração para o cérebro é bem maior, fato que acrescenta ainda mais mistérios nessa relação. “Nosso cérebro emocional-cognitivo tem uma conexão direta e neural com o coração. Por meio das conexões entre os neurônios, sinais positivos e negativos de nossas respostas ao momento presente são enviados a cada momento para o coração”, diz o pesquisador Joseph Chilton Pearce no livro The Biology of Transcendence (A Biologiada Transcendência, sem versão em português). “O sistema neural do coração não tem capacidade de perceber ou analisar em detalhes o contexto dessas mensagens emocionais e mentais que nos chegam do sistema cerebral límbico e cortical”, diz o pequisador americano. “Mas é capaz de validar essas mensagens positivas ou negativas respondendo eletromagneticamente com frequências coerentes (suaves e harmônicas, que surgem diante de emoções positivas) ou incoerentes (desiguais e desarmônicas, manifestadas diante de emoções negativas) e dar partida a várias reações corporais. Dessa maneira, o cérebro, o corpo e o próprio coração são capazes de responder inteiramente à realidade circundante”, afirma o pesquisador.

A teoria do coração inteligente foi fundamentada com pesquisas feitas principalmente pelo Institute of HeartMath, no Colorado, Estados Unidos. Esse centro de estudos se dedica há mais de 30 anos às pesquisas relacionadas aos aspectos biológicos e energéticos ligados ao coração. A essência da filosofia do HeartMath é comprovar cientificamente que o coração é a chave para experimentar uma sensação de felicidade amorosa e que com algumas técnicas simples é possível manter o campo eletromagnético em frequências mais coerentes, isto é, mais suaves e harmônicas, que propiciem esse sentimento. “O instituto coleta todas as informações de suas pesquisas e as transforma em ferramentas que nos ensinam como ouvir – e seguir – a inteligência altamente intuitiva do coração”, escreveu o pesquisador Doc Children, um dos cientistas fundadores do HeartMath. Se esses pesquisadores estiverem certos, uma revolução pode estar em andamento: em pouco tempo seremos capazes de nos manter em vibrações mais equilibradas de energia com o uso de práticas simples.

Lembranças nas células

Além de ser a possível sede de uma inteligência emocional específica, segundo alguns estudos o coração também teria a capacidade de registrar e reter memórias. No livro Memória das Células, o dr. Paul Pearsall coletou inúmeros casos de pessoas que, ao receberem um coração transplantado, assumiam algumas características de personalidade do doador ou se lembravam de fatos ligados à pessoa de quem haviam recebido o órgão. “Harold Puthoff [cientista americano especializado em física avançada] dizia que o coração está relacionado a processos energéticos e, portanto, informativos, pois a energia transmite informação. Existe algo a mais nessa história que ainda não foi contado”, afirmou o médico americano, que tem certeza de que ainda há muito a descobrir nesse campo de pesquisa. “O coração inteligente é o grande segredo de todas as tradições espirituais. Estar em sintonia com essa vibração harmônica nos faz mais cooperativos, criativos, abertos e menos agressivos e competitivos”, diz o geólogo e pesquisador americano Gregg Braden. “Esse é o caminho que vai nos tirar do caminho da destruição para o caminho da regeneração”, assegura Braden.

A amplitude dos campos eletromagnéticos do coração também significa que nosso campo pode estar em conexão frequente com o campo de outras pessoas. “Basicamente, um campo eletromagnético contém informação. Se nossos campos se comunicam e ressoam em conjunto, estamos trocando informação de forma não consciente”, diz Joseph Pearce. Isto é, nos influenciamos sem perceber. Se campos eletromagnéticos se expressam em conjunto de forma coerente, poderemos ver o mundo de uma forma mais pacífica, apreciativa e amorosa. Mas, se a frequência majoritária for incoerente, nossa visão será afetada pela tensão, pelo medo e pela raiva, ou outras emoções negativas.

Com base nessas conclusões, podemos nos imaginar também num Universo onde nosso campo individual vibra em conjunto com campos planetários, estelares ou áreas ainda maiores. Ancorados nessa possibilidade, o grupo de pesquisadores do HeartMath criou um programa global de ressonâncias coerentes (Global Coherence Initiave, CGI) que não só ensina as pessoas a semanterem dentro de uma vibração mais harmônica como mantém medidores de frequência em várias partes do mundo para detectar desequilíbrios e também zonas de equilíbrio e paz. É todo um mundo novo pronto para se abrir.

No oriente já se sabia

Tradições espirituais de milhares de anos, como a indiana, também revelam muitos segredos com relação ao coração. “Uma das traduções do sânscrito do chacra cardíaco (anahata chacra) é “não tocado”. Isso quer dizer que alguma coisa muito pura e intangível está encerrada nele, algo sutil e eterno que está além do tempo”, diz o monge inglês Peter Sage (Dada Vishvarupananda), do grupo internacional de ações voluntárias Ananda Marga, que há 32 anos estuda e pratica as tradiçõesindianas dentro da linha do tantra ioga. “A evolução espiritual humana passa pelos desafios apresentados em cada chacra a partir do centro básico [muladhara chacra]. Mas é no centro cardíaco que se desenvolvem qualidades mais positivas, em comparação com os centros de energia inferiores.

”Porém, nem tudo são flores nessa área: o chacra anahata é também conhecido como a mandala da tormenta. “Isso significa que ali se desenvolve uma luta entre as qualidades positivas e menos positivas representadas pelas 12 qualidades, ou vritti, visualmente simbolizadas pelas 12 pétalas em volta desse centro energético”, explica Peter Sage. “Esses atributos se apresentam sob a forma de dicotomias polarizadas – esperança versus depressão, por exemplo. Em desarmonia, podem causar turbulências no centro cardíaco.

”Os vritti também revelam a importância desse chacra com relação a emoções e sentimentos. Se ali existem as pétalas relacionadas ao amor, à esperança, ao arrependimento, à imparcialidade e ao poder de discernimento que enxerga além das aparências, também estão presentes a arrogância, a indecisão, o desejo de enganar, a ansiedade, a preocupação e o egoísmo. Enfim, um retrato bastante preciso e verdadeiro do coração humano. De acordo com a tradição indiana, também é no coração que está assentada Shakti, o poder universal feminino, sob a forma de Kakini, deidade representada vestida de dourado com espada e escudo, sentada numa flor de lótus vermelha.

“Ela representa o poder discriminativo do coração e sua capacidade em separar, com a espada, o certo do errado e o que é importante do que não é, com discernimento e precisão. A divindade também indica que o coração é um lugar protegido, um lugar onde podemos nos abrigar, por causa do seu escudo”, fala o monge.

Os sufis, vertente mística do islamismo, também atribuem extraordinária importância ao coração. Para eles, diferentes invólucros luminosos de várias cores envolvem o órgão vital, cada um deles representando uma qualidade ou atributo a serem desenvolvidos em direção a uma maior consciência e união com o divino, num processo espiritual chamado lataif, que tem o voto do sigilo e por isso não pode ser revelado abertamente. “Geralmente essa prática começa com exercícios que estimulema coragem e a esperança, simbolizadas pela cor branca”, diz o americano Will Van Inwagen, que pertence a uma linhagem sufi com ramificações nos Estados Unidos. “Para os homens, mais especialmente, chega a ser petrificante trabalhar diretamente com a energia do coração, precisamos exatamente de muita coragem para isso. É muito difícil para nós entrarmos em contato com a pura vibração do amor”, diz Inwagen. Mas, para ele, esse é o caminho que pode levá-los a uma maior integração interna com seu aspecto feminino. “Temos as duas energias dentro de nós e é importante trabalhá-las. A prática do lataif nos dá essa possibilidade”, diz.
Nas diversas formas de budismo em todo o Oriente, a mente se localiza no coração. Ninguém a localiza no cérebro. Na China, o coração-mente é chamado de shen, no Japão, de shin. Muitos lamas tibetanos, quando falam sobre a mente em seus ensinamentos, apontam na direção do meio do peito. Mesmo na medicina chinesa, o coração é considerado a sede da inteligência e recebe o significativo nome de imperador. Para a maioria das tradições orientais, o coração (ou o meio do peito) é a porta para uma realidade transcendente.

Ou seja: há muito tempo as tradições espirituais afirmam o que a ciência começa a descobrir hoje.
 
A perfeita união com o amor

Dentro do cristianismo, especialmente o ortodoxo, o coração também tem um importante papel. O Peregrino Russo, obra anônima publicada na Rússia no século 19, narra a história de um homem que poderia ser considerado muito atual: totalmente desiludido com a religião e afastado das formas tradicionais de culto. Enfim, o peregrino russo poderia ser qualquer um de nós em busca de uma espiritualidade mais interior e uma ponte para um contato direto com Deus. Na sua jornada espiritual, ele acaba se encontrando com um staretz, um eremita, que o ensina uma potente oração composta de uma única frase: “Nosso Senhor Jesus Cristo, tende piedade de mim, pecador”. Segundo os conselhos do staretz, essa frase deveria evocar o mais profundo desejo de amor e união com Deus e sincero arrependimento. Além disso, precisaria ser repetida milhares de vezescom a atenção focada no coração. Dizia o eremita que, com o tempo, o poder dessa prece romperia “a pedra do coração” até o amor jorrar em toda sua plenitude. O peregrino segue seu conselho e acompanhamos suas dificuldades até ele chegar ao ponto em que seu amor a Deus explode em seu coração. É uma das páginas mais bonitas da literatura espiritual de todos os tempos. A oração do coração (e o conjunto de preces recitadas pelo padres do deserto na Etiópia no século 3) nasce da influência de muitas linhas espirituais e não pertence apenas aos cristãos nem à tradição ortodoxa. “Existe nela elementos que pertencem a toda a humanidade e que encontramos no hinduísmo, no budismo e também, claro, no judaísmo [cabala] e no sufismo [islamismo]”, diz o padre ortodoxo francês Jean-Yves Leloup no livro a Sabedoria do Monte Athos (Editora Vozes). Para Leloup, que é doutor em teologia, psicologia e filosofia e autor de vários livros, essa frase tem o poder dos mantras em conjunto com a força do amor localizada no coração: a perfeita união.

Para a doutrina espírita, esse centro de energia tem o tom de ouro brilhante, com cada um de seus quadrantes dividido em três partes, ou seja, em 12 ondulações, ou raios energéticos. “O coração é um dos principais chacras de absorção e doação de energias que vão do ser humano ao Universo”, diz Aracelis Mirabello, terapeuta de São Paulo que usa em seu consultório técnicas e recursos para equilibrar essa energia. “Mas nos esquecemos de como entrar em contato com ele para usufruir dessa possibilidade.” Amir El-Alouar, terapeuta de São Paulo da linha psicobioenergética, também fala das consequênciasem nossa vida quando nos desligamos dessa harmonia. “Ao nos desconectarmos da sabedoria inata de amor do coração, o intelecto e o ego assumem o controle. Nos voltamos para uma mentalidade de sobrevivência baseada no medo, na ganância, no poder e no controle”, afirma. Dessa forma, diz ElAlouar, passamos a acreditar que estamos separados uns dos outros, e a nossa percepção da vida muda do amor e da unidade para a sensação de limitação e escassez. “Mas é no coração onde podemosencontrar de novo esse sentimento de força, vitalidade e abundância generosa”, diz o terapeuta, que desenvolveu uma série de exercícios ligados ao timo (que energeticamente faz parte do centro cardíaco) para possibilitar essa conexão. Seja por meio de técnicas científicas, das tradições espirituais, seja por meio de terapias, cada vez mais portas se abrem em direção a essa força amorosa e transformadora do coração que pode habitar de novo nossa vida.

fonte : revista Bons Fluídos

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