CIÚME - O SENTIMENTO QUE NOS DEIXA INFERIOR
Sabemos que o ciúme está
relacionado com a falta de confiança no outro. Às vezes a pessoa tem
tanta desconfiança que este tipo de paranóia a convence, sem motivo
evidente, que o parceiro é infiel e passa a procurar “evidências” da
traição. Quando é exagerado, pode tornar-se patológico e transformar-se
em uma obsessão. Nas formas mais exacerbadas, o ciumento passa a exigir
do outro coisas que limitam a liberdade deste.
Analisando mais intimamente a causa
deste sentimento, podemos considerar que em primeiro lugar, a falta de
confiança no outro, só denota a falta de confiança em si mesmo, depois
falta de auto-estima e de valorização da auto-imagem. Sendo assim, o
sentimento de inferioridade começa a brotar, pois são pessoas que
normalmente se sentem incapazes, não merecedoras e se menosprezam. Na
infância, podem ter sido crianças que os pais não valorizavam, não
confiavam e nem mesmo demonstravam afeto.
Devemos nos lembrar que o comportamento
dos pais não é o motivo para sermos assim. Ele apenas é mais uma
ferramenta que demonstra como agimos conosco. Todas as pessoas que
conheço ou conheci precisam curar algum sentimento inferior, (como
mágoa, rejeição, medo, angústia, depressão, possessão, ciúme, culpa,
arrependimento...), portanto para que esta inferioridade aflore é
necessário que desde criança nós tenhamos contato com o mesmo. Neste
caso, a origem do ciúme está relacionada ao sentimento de inferioridade e
de menos valia. Por isso as situações já começam a aparecer desde a
infância.
Quando nos relacionamos com alguém, e
este alguém é um grande exemplo de auto-estima, valorização, força de
vontade e de conquistas, seja no âmbito que for nós sofremos por achar
que nós não merecemos um parceiro determinado. Por causa disto, acabamos
perdendo a confiança que, na verdade, não é nele ou nela, mas em nós
mesmos. Como não conseguimos alcançar nossos sonhos ou muitas vezes nem o
temos, achamos que poderemos perder a pessoa que está compartilhando a
vida conosco a qualquer momento.
Exemplo disto são mulheres muito bem
casadas e que até hoje os maridos não deram o mínimo motivo para ter
amante, só que elas acreditam piamente que eles têm, pelo simples motivo
de seus maridos serem pessoas determinadas, fortes, com auto-estima e
não se sentirem carentes. O fato de agirem desta forma faz com que se
sintam inferior, sem importância, sozinhas e sem valor.
Resumindo: a pessoa que sente ciúme,
inconscientemente está mais preocupada com a auto-estima e a
determinação do parceiro, do que com outra mulher ou outro homem, ou com
a traição propriamente dita. Pois o que ela quer, é se sentir
importante, e quando isso não acontece, consequentemente pensará que
sempre existe alguém melhor que ela.
A cura deste sentimento se dá quando
começamos a pensar em nós e deixamos de pensar somente no outro.
Precisamos também nutrir nossos corações com amor próprio para acabar
com as carências. Perdemos muito tempo com essa paranóia, porque
deixamos de acreditar nas possibilidades e nas oportunidades de mudar e
melhorar nossas vidas e porque nosso foco está em saber se o parceiro
está nos traindo.
Outra coisa que nos “destrói” é o fato
de demonstrar essa fragilidade para o parceiro. Com certeza agir assim
não vai auxiliar em nada. É bem provável que se sentir frágil, piore
ainda mais o relacionamento, pois ninguém agüenta se sentir sufocado,
pressionado e julgado o tempo todo. As cobranças acabam com qualquer
possibilidade de ter um relacionamento afetivo durável e harmonioso.
Precisamos sair da obsessão de pensar no
que o outro faz, e mudar para o que quero para mim, qual meu dom e
quais são minhas metas. Ao pensar nos nossos objetivos, buscando nos
fortalecer nas nossas vontades os pensamentos obsessivos, aos poucos,
vão cessando. Claro que eles não vão acabar da noite para o dia ou num
piscar de olhos, mas é preciso mudar o hábito de pensar pessimistamente e
ter disciplina com esses objetivos. Buscar ajuda terapêutica de algum
profissional para ter idéias de como construir suas metas também é
interessante.
Enfim, o fato é que para conseguir ter
um relacionamento saudável e parar de vez com o sentimento e pensamento
possessivo_ procurando evidências de traição e morrendo de medo da
perda_ é necessário recuperar o amor-próprio e curar o sentimento de
inferioridade. Em alguma coisa nós somos muito bons, por isso precisamos
encontrar aquilo que realmente nos contenta e agir condizentemente. Com
isso, poderemos valorizar quem nós somos e nos sentiremos merecedores
daquilo que queremos para nós, principalmente um parceiro fiel.
Por Cátia BazzanFale com Cátia: catia@luzdaserra.com.br
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