terça-feira, 17 de abril de 2012

078 – A Morada de Makara



Por LÁZARO DE CARVALHO 

Lázaro, o Lobo e o Cordeiro

078 – A Morada de Makara



Continuemos a saga do Lobo e o Cordeiro através dos sete Chakras. Lembrando que o Lobo Cativo, violento e feroz, mantido prisioneiro no calabouço do primeiro Chakra alcança agora o segundo, onde recebe o nome de Makara, o habitante do abismo. A partir daqui o Lobo já consegue visualizar a lua crescente, começando então a tomar consciência do seu instinto e origem.

O nome sânscrito para o segundo Chakra é Svadhisthana, que significa Lugar do Prazer. Os Iogues antigos também classificam o segundo Chakra como o domínio da Deusa Serpente Kundalini, surgindo aqui como reveladora dos aspectos primordiais da Grande Mãe (art. 097). Ela é cultuada neste Chakra como amorosa e geradora de vida, mas ao mesmo tempo dominadora e cruel, estando relacionada a orgias sexuais e cultos de fertilidade. Pela primeira vez o Lobo se vê diante do seu aspecto feminino, surgindo assim a imagem primordial de Mamãe Lobo (art. 044), a Oxum Guerreira no seu estado mais primitivo, ainda completamente irracional.

Quando o Lobo alcança este Chakra nos sentimos completamente nus diante de impulsos sexuais desenfreados e ambíguos, e confrontamos o primeiro obstáculo no caminho doHomem de Conhecimento: O medoAo avançarmos através deste Chakra tem início, de forma ainda rudimentar, aquilo que chamamos ‘O despertar’ (art. 006). Começamos a tomar contato com nossas sensações, a senti-las próximas a nós mas ainda condicionados a seus extremos de prazer e dor. Exatamente aqui neste Chakra se faz presente pela primeira vez a necessidade de um envolvimento maior com situações que possam nos induzir ao prazer. Começamos, então, a desenvolver escudos imaginários para nos proteger do infortúnio e da dor. As Fronteiras Imaginárias (art. 022) surgem exatamente aqui.

O Lobo ao chegar a este Chakra não se encontra mais completamente cativo como no primeiro, mas ainda assim mantém a ferocidade e o instinto como organismo de defesa natural. A poesia do seu uivar ainda não se manifestou, ouve-se apenas o seu lamento triste. Como seres humanos nos sentimos inseguros neste Chakra e somos induzidos a buscar asilo nas paixões e posses materiais, enfim, em todo tipo de coisa que venha alimentar nossa vaidade (art. 148).
TODA INSEGURANÇA IMPUTADA AO LOBO É GERADORA DE ANGÚSTIA, MEDO E AFLIÇÃO.
O sentido de ‘meu’ torna-se preponderante e ‘ter sempre mais’ assume importância fundamental em nossa vida.
NÃO TEMEMOS O LOBO, O QUE REALMENTE NOS APAVORA É A NOSSA PRÓPRIA IMAGEM REFLETIDA NO ESPELHO.



Um segundo Chakra sadio torna real o sentimento em relação às diversas forças que nos rodeiam, pois integra valores emocionais ao meio ambiente. Mas se o Lobo for mantido prisioneiro neste Chakra o que realmente iremos sentir é uma sensação de ansiedade e dor, que poderá nos fazer confusos e transtornados.
A NECESSIDADE ILUSÓRIA DE SEGURANÇA FAZ-NOS RELACIONAR AOS OUTROS APENAS USANDO-OS PARA NOSSA SATISFAÇÃO PESSOAL.

A reação natural do Lobo é direcionada a nós, portanto, sentimo-nos acorrentados e não confiamos nos valores sociais e humanos.



CONDENAMOS O LOBO COMO O MAL DA HUMANIDADE, QUANDO NA VERDADE NÓS É QUE SOMOS A VERDADEIRA FONTE DESSE MAL.

Deixemos ruir a máscara da mentira que nos foi dada por herança; deixemos cair o rótulo da ignorância, dos hábitos e da imitação, e também todos os credos e os dogmas artificiais e insanos, e teremos à nossa frente o Espírito Liberto do Cordeiro Imolado, muito  além da simulação e dos artifícios utilizados pelas  religiões da atualidade.
Quando mantemos o Lobo submisso aos planos inferiores da criação nos retraímos e perdemos contato com os verdadeiros sentimentos. Somente os extremos de prazer e dor tornam-se reais para nós. Mas, à medida que mantemos indenes o Lobo e o Cordeiro que foram confiados à nossa guarda e permitimos o seu fluir rumo à liberdade, nos abrimos para a intimidade dos verdadeiros sentimentos. Infelizmente, neste estágio em que estamos atualmente, relacionamentos estáveis ainda são uma mera perspectiva.

São características desse Chakra a possessividade e o ciúme, como alternativas protetoras das camadas inferiores da psique. Quando nos privamos dos desejos e sensações tornamo-nos arredios e fechamos as portas a toda forma de receber e dar alimento emocional. Então, passamos a responder de forma coletiva, através de emoções que precisam ser satisfeitas para encontrarmos significado no mundo em que vivemos.
Criamos barreiras protetoras e nos tornamos idealistas como forma compensatória, para esconder a vulnerabilidade de nossos sentimentos instáveis.
O MEDO DE SERMOS REJEITADOS TORNA-SE UMA FORMA AMEAÇADORA DENTRO DE NÓS.



Por isso buscamos refúgio nas crenças e tradições religiosas, exorcizamos o Lobo para alimentar nossa ‘auto-importância’ (art. 053), pois necessitamos ser aceitos e reconhecidos para fazer valer nossos valores reprimidos. Por isso tenho a coragem de dizer, sem margem de erro:
O CULTO DOS CRISTÃOS NÃO É A EXPRESSÃO DA VONTADE DE DEUS, MAS APENAS UMA MANEIRA DE BUSCAR ALÍVIO PARA SUAS ALMAS CONDICIONADAS E AFLITAS.



Neste Chakra observamos todo o processo de programação dos valores, pensamentos e sentimentos, desde o ambiente inicial de nossa vida.
A REPRESSÃO AO LOBO PODE FAZÊ-LO RETORNAR AO CALABOUÇO DO PRIMEIRO CHAKRA COM CONSEQUÊNCIAS DANOSAS PARA A NOSSA SAÚDE FÍSICA E PSÍQUICA.

Respondemos a padrões pré-estabelecidos e começamos a conviver com aquilo que chamamos: “Impossibilidade de fazer” (art. 033). Nesse estágio da evolução de nosso Ser(art. 072) todo fazer é condicionado a modelos demarcados e de conteúdo sólido. Nada pode ser mudado ainda, pois estamos sujeitos apenas à Lei de Acidente, portanto,  ressonamos em uníssono com valores pré-estabelecidos e programados. Continuamos a trilhar o caminho pré-determinado pela  ‘Procissão da Miséria Humana’ (art. 004).
IDENTIFICAÇÃO É A FORMA QUE ENCONTRAMOS PARA SOBREVIVER NUM AMBIENTE INÓSPITO E POUCO ACOLHEDOR.



A solidão deste Chakra nos faz procurar a pessoa amada através de relacionamentos superficiais e passageiros, gerando sentimentos de angústia, ilusão e perda, que serão compensados por outros relacionamentos ilusórios. Encontramos companheiros, mas sempre os descartamos em prol de outros num círculo sem fim de necessidades insatisfeitas. Nós homens assimilamos o Lobo Cativo e nos mostramos agressivos, mentirosos, hipócritas e escorregadios, pois somos impelidos a exercer domínio sobre as forças naturais, como um meio de compensar nossa fraqueza e desequilíbrio emocional. A mulher, no entanto, torna-se reprimida, pois o Lobo Cativo sente-se mais confortável sob o domínio irracional do instinto e das emoções.
A mulher presa a este Chakra não se apaixona verdadeiramente por homem algum, apenas pela fantasia que o Lobo exerce sobre os seus instintos sexuais. Vive num mundo repleto de imaginação à espera de um companheiro que preencha tudo isso.



PRECISAMOS VOLTAR O OLHAR PARA O LOBO CATIVO DENTRO DE NÓS MESMOS.
A mulher por não ter a sua ilusão satisfeita irá culpar todos os homens em virtude do seu sentido de opressão e inutilidade, podendo transferir seu ressentimento para os pais, parentes e amigos. Lembramos que:

RESSENTIMENTOS, RAIVA E DESAPONTAMENTO SÃO MARCAS REGISTRADAS DO LOBO CATIVO NESTE CHAKRA.

Ela irá colocar sobre os ombros de todos que a cercam as qualidades de fraqueza, medo e imperfeição por não serem capazes de agir segundo a imagem do Lobo Cativo que trás submisso no baixo ventre.
IRÁ PROCURAR HERÓIS DE MENTIRA, PELO SIMPLES PRAZER DE DESTITUÍ-LOS EM DETRIMENTO DE OUTROS FALSOS HERÓIS.





A nossa relação com o Lobo é fundamental e reveladora de quão seguros estamos para enfrentar os desafios da vida.
Imputar culpa ao Lobo e exorcizá-lo nos templos nunca será o melhor caminho, pois ele nos dá a falsa impressão de ter ido embora, apenas para retornar sobe formas mais precisas e eficazes. O processo de individuação descrito por Jung em seus livros passa obrigatoriamente pela união dos opostos. Precisamos repensar nossas ‘atitudes’ (art. 007) e ver o quão sinceros estamos sendo para conosco mesmos.
Que assim seja!

portalarcoiris.ning.com - Publicado por Verônica D`amore

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