sexta-feira, 27 de maio de 2016

Eu sinto muito por mim, por você, pelas nossas filhas, mães, avós e ancestrais.



Eu sinto muito.
Eu sinto muito por toda agressão física, sexual, moral e psicológica do passado e do presente.
Eu sinto muito por cada grito preso na garganta, por cada choro escondido, por ser ignorada no seio da sua própria família, por todo e qualquer julgamento e negligência sobre a sua dor.
Eu sinto muito por não perceber que está sendo violentada.
Eu sinto muito por acreditar que o seu corpo deve ser uma fonte de admiração e prazer.
Eu sinto muito por séculos e séculos de submissão que roubaram a integridade do seu Ser.
Eu sinto muito por preencher todo o seu tempo pela dificuldade de abraçar a sua própria solidão.
Eu sinto muito por acreditar que precisa ser compreensiva e tolerante o tempo todo.
Eu sinto muito por não se sentir no direito de dizer Não e Adeus.
Eu sinto muito por ainda acreditar que precisa se submeter à tudo isso.
Eu sinto muito por mim, por você, pelas nossas filhas, mães, avós e ancestrais.

E eu desejo, profundamente, que Você e Eu acolha, cuide e cure essa criança, menina e mulher. Que todas elas se enraízem, amadureçam e floresçam. Por mim, por você, pelas nossas filhas, mães, avós e ancestrais.

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