Dizer ou não dizer? Ligar ou não ligar? Ah, pra que serve tudo isso mesmo?
Escolher fazer joguinhos dentro de um relacionamento se resume a um
cachorro perseguindo o próprio rabo, querer brincar para ter aquilo que
já se tem. Parafraseando Verônica Heiss: tem gente que vive de jogos
porque rebaixa o amor à adrenalina, porque acha que o pressuposto dos
relacionamentos é sofrer. Eu não sou assim. Não gosto de solidão a dois.
É difícil admitirmos quando algo nos afeta e, ainda mais, olhar para
dentro e percebermos que nem tudo precisa ser levado tão à sério.
Vivemos em uma época onde se propagam o desapego e sendo assim, o
primeiro a demonstrar emoção é visto como o fraco. Com isso, todos usam
escudos emocionais para que nada consiga ultrapassar e ferir. Porém,
quando nos enchemos tanto assim de barreiras, no fim, percebemos que não
estamos protegidos e, sim, sozinhos do outro lado do muro.
Não existe nada mais cansativo do que estar com alguém que insiste em
se proteger de ataques imaginários. Cada momento é um dia de guerra.
Tem que escolher bem as palavras, uma vez que qualquer frase mal
colocada é vista como bombardeio. Quando foi que o amor se tornou esse
campo de batalha?
Não tem como entrar em um relacionamento e continuar a fazer todos
esses joguinhos. Não dura, desgasta. Os detalhes e o encanto se perdem
em meio à tantos tiroteios. O que antes causava frio na barriga e
ansiedade, depois de um tempo se tornam suspiros pesados e impaciência.
Ninguém quer estar ao lado de alguém que o faz ir dormir todos os dias
com a sensação de missão fracassada.
A gente tem que entender que duas pessoas nunca vão alcançar a paz
juntos se não souberem conversar. E digo conversa, no sentido mais puro
da palavra. Não indiretas e frases atravessadas. Essa história de “se
você me ama de verdade, deveria saber por que estou assim” não existe.
Ninguém é obrigado a saber o que o outro pensa, então não se deve exigir
que um silêncio seja traduzido.
Tudo pode ser tão mais simples. Se está com saudade, é só dizer. Não
precisa se afastar até que a outra pessoa perceba que você está distante
e decida fazer algo. Todo esse tempo de espera só serve para aumentar a
agonia e, possivelmente, mandar para longe quem já estava ao seu lado.
Não é preciso toda essa estratégia. Não precisa de um plano de combate.
Não! É só dizer. Fazer o que tiver vontade independente se isso vai
deixar vulnerável. Porém, em tempos de desapego, quem decide demonstrar
os sentimentos é revolucionário, não fraco.
Deixemos então todas essas munições para trás. Está mais do que na
hora de sermos sinceros com nossos sentimentos e sairmos de todas as
barreiras que construímos. Devemos, mais do que nunca, aquietarmos
nossas metrópoles internas e darmos lugar à calma que outro abraço pode
nos dar. Sem joguinhos, sem impasses e, principalmente, sem transformar o
que é tão simples em missões fadadas à derrota.
Game over.
retirado de : obviousmag.org
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