Tu Youyou diz que Nobel "é uma honra para a medicina tradicional chinesa"
A cientista Tu Youyou se tornou a primeira mulher chinesa a ser laureada com um Nobel
A cientista chinesa Tu Youyou, agraciada nesta segunda-feira com o Nobel de Medicina
por descobrir um novo tratamento contra a malária, compartilhou o
mérito do prêmio com sua equipe e considerou que a distinção é "uma
honra para a ciência e a medicina tradicional chinesa em sua tentativa
de estender suas mãos para o mundo".
Tu se transformou nesta
segunda-feira (05/10/15), na primeira mulher chinesa a ser laureada com um Nobel em
qualquer uma de suas categorias e na primeira cidadã do país a fazê-lo
em Medicina.
Além disso, Tu estabeleceu um feito inédito ao
basear suas pesquisas na medicina tradicional chinesa, uma disciplina
que nem sempre é reconhecida no Ocidente devido a sua base empírica.
A cientista, 84, descobriu a artemisinina em 1969, um tratamento contra a malária que salvou milhões de vidas no mundo.
"A artemisinina é um presente da medicina tradicional chinesa para a
população mundial", destacou a doutora em Pequim na segunda-feira pela
tarde, quando representantes do governo a visitaram para parabenizá-la,
segundo publicou a agência oficial "Xinhua" na madrugada desta
terça-feira.
De forma humilde, Tu detalhou que "a descoberta"
desse tratamento "é um exemplo bem-sucedido de uma pesquisa coletiva em
medicina tradicional chinesa", compartilhando o mérito com seus
companheiros, depois que, no passado, alguns deles a criticaram por,
supostamente, "se apossar" dessa conquista.
O descobrimento de
Tu remonta às suas pesquisas nos anos 1960 e 1970, em plena Revolução
Cultural, quando os cientistas eram considerados contrarrevolucionários e
não eram permitidos de continuar com suas pesquisas.
No
entanto, o ditador Mao Tsé-tung deu o aval para que Tu investigasse um
tratamento contra a malária e ajudou a financiar seu trabalho devido ao
elevado número de mortes que a doença estava causando no sul do país.
Tu se deparou com sua descoberta graças a um livro de 1.300 anos de idade que encontrou na ilha de Hainan, no sul do país.
Naquele manuscrito de mais de mil anos da medicina tradicional chinesa,
que é baseada na tentativa e erro e em experiências que foram sendo
descritas nos livros ao longo da História, se destacava que o absinto
chinês (artemisia annua) era considerado pelos moradores da região como
um bom remédio contra a febre, um possível sintoma da malária.
Então, Tu, com apenas 39 anos, conseguiu isolar o princípio ativo dessa planta, a artemisinina.
"A inspiração da medicina tradicional chinesa" foi importante, disse o
presidente do Comitê do Nobel de Medicina e Psicologia, Juleen R.
Zierath, em entrevista exclusiva com a "Xinhua".
No entanto,
Zierath ressaltou que o realmente importante foi que Tu "identificou o
agente ativo no extrato da planta" e destacou o papel da química moderna
e da bioquímica para se chegar a essa substância.
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