Seus relacionamentos só vão até a página dois?
:: Rosana Braga ::
Já
ouviu essa expressão: "até a página dois"? Pra quem não ouviu, vou
explicar: é quando uma regra ou uma tendência só funciona em teoria ou
até certo ponto. Depois, a gente nunca sabe o que pode acontecer!
Exemplo: os políticos devem trabalhar pelo povo! Ok, mas trabalham
apenas quando lhes interessa. Outro: as pessoas tendem a se comprometer
depois de algum tempo num relacionamento! Ok, mas muitas não passam de
uma fraca tentativa!
É justamente sobre essas pessoas que quero falar! Sobre você ou alguém
com quem você tem se relacionado que, apesar de dar todos os indícios de
que o relacionamento "vai muito bem, obrigado", não avança, não se
aprofunda, não sai do namorico.
Se você é do tipo que começa um flerte, uma paquera, uma sedução... e
depois até emenda um encontro daqui, um cinema dali, liga de vez em
quando, até arrisca uma rotina, mas, quando a situação começa a ficar
séria e o outro se mostra comprometido, gostando cada vez mais e, pior,
demonstra que espera o mesmo de você, pronto! Você dá um jeito de
desaparecer, seja saindo de fininho, aos poucos, seja sumindo de uma
vez, como se tivesse sido abduzido!
A pergunta que fica martelando na cabeça do outro e, quero acreditar,
também na de quem repete esse comportamento há anos, é: por quê???
Aquele que foi abandonado "no meio do caminho" se questiona "por que a
pessoa sumiu? Será que fiz algo errado?" E a que fugiu se questiona "por
que não consigo me entregar? Por que não sei amar ninguém?".
No final das contas, é claro que é sempre possível tirar algum
aprendizado de uma situação como essa, entretanto, será mesmo que tem de
ser assim, pagando esse preço, fazendo alguém e também a si mesmo
sofrer, indefinidamente? Será que o melhor não seria encontrar um modo
de agir e sentir que fosse mais coerente e mais fluido com o ritmo do
seu próprio coração?
Quem foge da entrega está sendo comandado por uma razão imperativa, uma
razão que contraria o desejo, porque se uma pessoa desiste de um
relacionamento por descobrir que não gosta do outro, ou porque a relação
ia tão mal que não valia a pena continuar, tudo bem. É compreensível e
até louvável, afinal, o que existe do lado de dentro está em sintonia
com o que existe do lado de fora!
Porém, quando a pessoa vai embora simplesmente porque se vê diante do
convite para se entregar, amar, aprofundar-se em seus sentimentos,
assumir compromissos, fazer escolhas que incluam o outro, enfim, do
convite para viver uma relação de gente grande, então, talvez esteja na
hora de amadurecer.
E o amadurecimento inclui a busca do entendimento de si, o
autoconhecimento, a tentativa de compreender por que essa dinâmica se
repete sem que a pessoa tenha a chance de se questionar se quer ficar,
ou se quer mesmo ir embora. Certamente, tem aí algum "nó", algum medo
terrível de sofrer ou alguma crença limitante, daquelas que ditam nosso
comportamento sem sequer percebermos.
Crenças como "nenhum homem presta" ou "as mulheres são todas
interesseiras" ou "casamento nunca dá certo" ou ainda "amor sempre acaba
em sofrimento", entre outras, são nefastas e podem destruir
completamente a possibilidade de realização e satisfação de uma pessoa.
Em geral, essas crenças são resultado de experiências vividas ainda na
infância. E o medo, na maioria das vezes, tem a ver com o fato de a
pessoa ter presenciado alguma relação muito importante sendo desfeita
brutalmente, com muita dor e sofrimento para os envolvidos.
O fato é que, em última instância, o que todos nós queremos é viver de
forma sincronizada com o que sentimos, deixando a vida fluir e tentando
fazer valer a pena. Portanto, se essa harmonia ainda não está rolando
nos seus relacionamentos, o melhor é aproveitar a chance de olhar para
si e refletir: "o que eu realmente sinto?", "o que eu realmente quero?".
E com coragem e sinceridade para arriscar uma nova atitude, é certo que
o amor deixará de ser uma ameaça e passará a ser uma deliciosa e
imperdível experiência!
Rosana Braga
stum.com.br
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