:: Rosana Braga ::
Usei um ditado de que nem gosto tanto, afinal, amo o sol. Contudo, admito: sol demais queima, faz mal à saúde. Precisa mesmo ser bloqueado, dosando com equilíbrio nossa exposição ao astro-rei e ao seu oposto - a sombra. Resumindo, caímos sempre na mesma dica: equilíbrio!
E quando se trata dos problemas no relacionamento amoroso, especialmente quando a convivência é diária, não é diferente! Isto é, nem dar ênfase e importância demais às picuinhas e pequenas rusgas, nem ignorar o que realmente tem importância. E como saber? Bem... cada um terá de encontrar e aprender a usar seu próprio medidor.
E sabe do que mais? No fundo, a maioria de nós, com um tantinho de cuidado e bom-senso, sabe muito bem o que realmente importa. Além disso, na dúvida, nada que uma conversa objetiva, clara e carinhosa, com a real intenção de chegar a um consenso, não resolva!
Portanto, pra não correr o risco de passar anos e anos tapando o sol com a peneira neste relacionamento, pra não desperdiçar sua chance de ser feliz empurrando a sujeira para baixo do tapete e, por fim, para ser coerente com a decisão de dormir e acordar ao lado de alguém com quem você está construindo a sua história, pare de se comportar feito tolo!
Pare de fingir para si mesmo que está tudo bem. Ou, pior, tem gente que sente uma coisa e demonstra outra! Sente ciúme, mas demonstra raiva. Sente medo de perder, mas demonstra agressividade e mau-humor. Sente carência, mas demonstra autossuficiência. Sente insegurança, mas demonstra orgulho bobo. Sente tristeza, mas demonstra indiferença. Sente dor no coração, mas demonstra soberba e arrogância. Pra quê? De que adianta? O que resolve? E se resolve, de que jeito? A que preço? Por quanto tempo? Com que verdade?
A questão é que tudo isso não passa de um joguinho infame, ineficiente e que despende muita, muita energia. Uma energia que poderia ser investida numa dinâmica mais madura, mais enobrecedora, mais criativa e bem mais eficaz!
Pra começar, que tal parar de achar que o outro tem de ter uma bola de cristal e adivinhar o que você quer, como quer, se gostou ou se não gostou? Que tal você mesmo contar, exatamente como contaria ao seu melhor amigo? Exatamente como contaria para alguém em quem confiasse, abrindo seu coração, mostrando sua fragilidade e o que você re-al-men-te está sentindo?
Mas não se engane: é preciso crescer para sustentar a verdade! Porque por mais óbvio que seja o fato de que "não brigar e parar de se acusar" é bem melhor do que viver em pé de guerra, também é fato que a grande maioria dos mortais está terrivelmente viciada na química da briga, da discussão e dos mais ridículos joguinhos.
Saiba que enquanto você insistir em representar, sem ter a coragem de ser autêntico, de assumir seus medos, suas inseguranças, suas tristezas, seu ciúme, entre tantos outros sentimentos lindamente humanos, vai continuar no ensaio, sem nunca entrar em cena de verdade. Vai continuar no treino, sem nunca entrar em campo de verdade. Vai continuar levando uma vidinha medíocre (bem mais ou menos), sem nunca experimentar a deliciosa sensação de ser você, de verdade. Sem nunca levantar essa porcaria de tapete e dar um fim nessa sujeira que não faz o menor sentido de ser guardada.
Em última instância, relaxe, pois a escolha é sua. Se preferir continuar exatamente como está, fique à vontade. Mas se tiver coragem de ao menos tentar romper com essa dinâmica doentia de ser incoerente e falar por meio de indiretas ou por meio do silêncio, então... prepare-se para viver experiências sobre si mesmo, sobre o amor e sobre a vida que, certamente, nem imaginava serem possíveis!
Por fim, não se engane: trata-se de um exercício diário, um exercício sem fim, para toda a vida! Mas só se você quiser fazer tudo isso valer a pena, claro!
Rosana Braga
rosanabraga.com.br
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