Amor à Terra e a si mesmo. "Quando o coração repousa, vê festa em tudo." Ditado indígena
"Quando o coração repousa, vê festa em tudo." Ditado indígena
"Como a mais bela tribo dos mais belos
índios que foi atacada por ser inocente..."
Legião Urbana
"Se achamos que nosso objetivo aqui, na nossa rápida passagem pela terra, é acumular riquezas, então não temos nada a aprender com os índios. Mas, se acreditamos que o ideal é o equilíbrio do homem dentro de sua família e dentro de sua comunidade, então os índios têm lições extraordinárias para nos dar.
Antes do descobrimento do Brasil, o índio era mais feliz, mais pleno e mais autêntico. Hoje, está sujeito ao processo de nossa evolução. Antes do contato com os civilizados, os índios viviam dentro da simplicidade de seu sistema de valores e movidos unicamente pelas estimulações próprias de sua cultura tradicional. Eram povos não só auto-suficientes, mas absolutamente conscientes daquilo que eram como homens, como sociedade.
Hoje, mesmo com todo o avanço da civilização, tanto no setor da tecnologia como da ideologia, não vemos nem sentimos a presença de uma preocupação de atingir o justo. Isto é, o equilíbrio harmonioso de todas as sociedades humanas. A fatalidade histórica encaminha os povos a se fundirem num só.
O necessário, importante, justo é que essa integração de culturas e de povos seja uma decorrência do progresso.
Referimo-nos ao progresso, não ao comumente entendido, mas ao progresso da consciência política e social do mundo em seu todo".
Orlando Villas Boas
Essas palavras auspiciosas do sertanista e irmão dos índios, Villas Boas, falam por si só. Índios, Xamãs, homens e mulheres iluminados dos sistemas tribais, conhecidos também como pajés, caciques, curandeiros, ensinam o caminho da saúde, da felicidade e do contentamento em suas culturas. Culturas que deram certo por milhares de anos.
No xamanismo norte-americano, quatro são as atitudes e os caminhos que conduzem ao contentamento se forem estimulados, pois eles já existem dentro de nós.
É como se tivéssemos em nosso interior quatro guardiões ou personagens, que, quando invocados, trazem cada qual uma força particular, algo como os anjos protetores ou santos padroeiros. As energias são as do guerreiro, curador, sonhador ou visionário e mestre, cada um com suas atitudes.
1º atitude: guerreiro
É a capacidade de perseguirmos ideais, é a força da alma, daquilo que somos, é o estar presente.
Na tradição indígena, o guerreiro tem a capacidade de contentamento e respeito em relação a todos os seres vivos, pessoas ou não. A própria palavra "respeito" vem do latim respicere, que significa disposição de olhar outra vez, com tolerância. O guerreiro não julga, porém trabalha com a capacidade de dizer não (você diz não quando precisa?) e usa corretamente seus três poderes.
O primeiro poder é o da presença, seja a presença da mente, seja a presença física, seja a da alma. Presença é estar atento no presente, no aqui e agora. O segundo poder é o da comunicação. Falar sempre a verdade, e não proferir palavras que envolvam intolerância e fofocas.
O terceiro poder é o do posicionamento, saber onde deve colocar sua energia. Quando o guerreiro sente que já está perdendo energia, ele adquire um chocalho ou maracá e faz uma dança, passando-o em volta de todo o corpo, pois, nas tradições indígenas, a pessoa que perde o poder está perdendo também a identidade, e o chocalho serve para trazê-la de volta. Chocalho que imita o barulho da chuva e por isso representa a limpeza, a purificação.
Quando perde o poder, o guerreiro também procura meditar em animais, que sempre são autênticos, verdadeiros, vivem o aqui e agora. O guerreiro medita no animal de poder, que pode até ser algum de que ele goste, ou por vezes sonha com esse bicho, a fim de descobrir quais de suas características são representativas para ele.
O guerreiro reserva um tempo para estar só e em contato com a natureza.
Ensinam os xamãs: quando houver muito a fazer, não tenha medo. Quando nada houver a fazer, não se precipite, não dê opiniões sobre o certo ou o errado.
2ª atitude: curador
É o caminho do sentimento, do coração pleno, aberto, limpo e forte.
O curador se relaciona com os outros usando o reconhecimento, o valor, a aceitação e a consideração. Tem sentimentos de gratidão por suas forças, por suas características pessoais, pelo jeito que é.
O curador existe em todos nós, quando, por exemplo, reconhecemos uma erva, o momento certo de contatar a natureza e até mesmo de consultar um médico, tomar um remédio, etc. Quando nosso coração está fechado e sem amor, nosso curador está desaparecido, sem contato.
Jeanie Achterberg, autora de A imaginação que cura: xamanismo e medicina moderna, escreve sobre o caminho do curador: "Nosso curador nos lembra do nosso vínculo com nosso planeta e da interdependência com todos os seres vivos". Segundo ela:
Curar é vencer os medos.
Curar é abrir o que está fechado.
Curar é experimentar o divino em tudo e todos.
Curar é a criatividade e a tolerância.
Curar é expressar o que se tem e o que se é na plenitude, sua luz e sua sombra.
Curar é confiar na vida.
O curador se conecta com a cura na meditação deitada, no relaxamento, no repouso do coração.
"Quando o coração repousa, vê festa em tudo." Ditado indígena
3ª atitude: sonhador ou visionário
É o caminho da verdade e do não-julgamento. Do poder da prece e da visualização do futuro. O sonhador sonha e faz suas orações e mentalizações para si e para o planeta.
Os visionários sabem que cada pessoa tem a própria verdade, portanto, quando falam a sua verdade o fazem sem imposição, sem julgamento e com autenticidade.
O visionário perde a alma e o contentamento quando:
finge ser outra pessoa para agradar aos outros, para receber carinho e aprovação;
foge da própria sombra e se ilude com aspectos da vida exterior e interior;
renuncia a si mesmo por timidez ou vergonha de algo, o que o faria passar por uma pessoa de "coração fraco".
O visionário recupera a alma quando caminha meditando (tema que estudaremos adiante) e quando escuta com atenção suas músicas de poder.
Quais músicas colocam você em contato com seu coração?
4ª atitude: mestre
Clareza, objetividade, discernimento, flexibilidade e consciência do agora. Esses são os caminhos do mestre.
Ele tem confiança, mesmo nos momentos de incerteza da vida, e sabe que fatalmente terá de passar por perdas. Porém, uma vez consciente delas, vive mais feliz.
Essas perdas dizem respeito a:
propósito de vida,
pessoas,
controle,
valores materiais,
certezas e conseqüentemente surgimento de confusão na vida (momento de parar de agir).
Harrison Owen, em seu livro Leadership is, nos dá elementos para reconhecermos o nosso mestre:
Se tem alguém hoje em sua vida, é essa a pessoa certa. As que ficam para trás não são as pessoas certas.
No momento que você inicia algo, é esse o momento certo, e não o passado nem o futuro.
O que acontece em sua vida é a única coisa que poderia acontecer.
Quando algo acaba, acabou, e isso agora é a coisa certa.
O mestre se aquieta no momento e assim pára suas buscas. Ele sabe que, parando a procura, é que se encontra a si mesmo.
Se quiser mais informações de como trilhar esses quatro caminhos (do guerreiro, sonhador ou visionário, mestre e curador), leia o magnífico trabalho O caminho quádruplo, de Angeles Arrien. E medite um pouco sobre suas atitudes em cada um desses espíritos.
Reflexão
Sou curador quando?
Sou guerreiro quando?
Sou visionário quando?
Sou mestre quando?
Koan
Saindo de qualquer possibilidade de rótulos, quem é você?
Sem utilizar nenhuma lembrança
do passado, responda: quem é você?
Autor: Texto
Fonte: Livro – Quero mesmo é ser feliz
Editora: Alfabeto
Otávio Leal
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