segunda-feira, 21 de março de 2011

A LENDA DO SANTO GRAAL - EM BUSCA DO CÁLICE SAGRADO



Ao longo da história, inúmeras lendas descrevem a eterna busca do ser humano por um objeto mágico e misterioso, capaz de curar as ferias do corpo e do coração, prolongar a existência e, ao fim, trazer algum tipo de resposta sobre o sentido e o significado da vida. 

Poucas, porém, têm a força da Lenda do Santo Graal, o misterioso cálice em que Jesus Cristo bebeu vinho na última ceia ou que, em outra versão, foi usado para recolheer seu sangue na cruz.
A saga medieval da procura da taça e, na verdade, uma metáfora sobre a viagem espiritual que todo o ser humano empreende ao decidir trilhar o caminho em direção ao autoconhecimento em busca de felicidade e realização pessoal. Em um tempo de incertezas como este que vivemos, o Graal guarda lições inspiradoras.


CAVALEIROS E PEREGRINOS

A lenda, de origem incerta, é na verdade uma amálgama que une passagens da Bíblia, rituais judaicos, mitos gregos e celtas e símbolos pagãos muito mais antigos do que o cristianismo. 

 "Apesar da referência à ceia e à crucificação de Jesus, não há citação ou referência ao cálice em nenhum dos Evangelhos do Novo Testamento, os textos que descrevem a trajetória do Mestre", afima Tereza Cavalcanti, profª de introdução à escritura sagrada da PUC/RJ. 

"Esse objeto é fruto da imaginação popular, que ao longo do tempo foi incorporando fatos e situações ao que está realmente nos textos sagrados".
A possibilidade da existência desse artefato sagrado incendiou corações e mentes na Idade Média, quando a lenda integrou-se aos romances de cavalaria, que se popularizaram por volta do século 12. 

 A aventura da busca pelo Graal incorporou, então, ideais como coragem, altruísmo e espírito heróico, atributos dos cavaleiros medievais. 

Esses intrépidos personagens renunciavam a suas famílias e posses para sair pelo mundo em longas e perigosas jornadas, combatendo dragões, salvando donzelas e também seguindo o rastro do misterioso cálice do salvador.

Nessa época, a busca do Graal colocava sob um enfoque romântico, aventureiro e cavalheiresco outro tipo de jornada espiritual, que se tornou hábito na época : a peregrinação.
Os devotos enfrentavam todo tipo de provação viajando a terras distantes para venerar relíquias sagradas, fragmentos de ossos, pedaços de túnicas ou qualquer outro objeto pretensamente atribuído a Jesus, Maria ou aos santos católicos. 

"Tanto a peregrinação como a busca do Graal são, ao mesmo tempo, viagens externas e experiências internas. Um peregrino e um cavaleiro deixam para trás suas vidas cotidianas e partem em busca de algo que lhes falta sem necessariamente saber o quê", explica a psicanalista americana Jean Shinoda Bolen, da Universidade de São Francisco, no livro O Caminho de Avalon - Os mistérios Femininos e a Busca do Santo Graal (ed Rosa dos Tempos).
Citações do Graal aparecem em quase todas as muitas versões da mais famosa dessas sagas, a do Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda. 

Outra conhecida lenda dizia que ele está escondido no castelo do Rei Pescador, que, dono de uma ferida incurável, é soberano de um reino triste e decadente, arrasado pela fome e pelo sofrimento.
Segundo a História, o rei só será curado e suas terras recuperarão o antigo esplendor quando um cavaleiro de espírito puro e ideais elevados encontrar o castelo, e nele, o cálice. 

A lenda, que inspirou o filme O pescador de Ilusões, dirigido pelo inglês Terry Gillian, transpõe a saga para a Nova Iork dos anos 90 é, na verdade, uma metáfora sobre o autoconhecimento.
 
"Em um mundo marcado pela agressividade e competição como o de hoje, a busca simbólica do cálice sagrado continua atual", afirma Denise Gimenez Ramos, psicóloga e profª de ciências da religião da PUC/SP. 

"Ela representa a necessidade e a inspiração para retornarmos valores considerados femininos, compaixão e delicadeza, os mesmos que foram defendidos por Jesus Cristo."

FONTE : Texto Wilson F.D. Weigl, Revista Bons Fluídos 

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