“Resta, acima de tudo, essa capacidade de
ternura… Essa intimidade perfeita com o silêncio… Resta esse sentimento
de infância subitamente desentranhado de pequenos absurdos, essa
capacidade de rir à toa. Resta essa distração, essa disponibilidade,
essa vagueza de quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser. Resta
essa faculdade incoercível de sonhar, de transfigurar a realidade,
dentro dessa incapacidade de aceitá-la tal como é, e essa pequenina luz
indecifrável a que às vezes os poetas dão o nome de esperança. Resta
esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto, esse eterno
levantar-se depois de cada queda, essa busca de equilíbrio no fio da
navalha, essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
infantil de ter pequenas coragens.”
Vinicius de Moraes
Vinicius de Moraes
integracaoholistica.blogspot.com
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