Desde que o homem pisou na Terra pela primeira vez, surgiu
a necessidade de compreender as leis naturais e de entender sua relação
com o Divino. Como naquela época remota não existiam as modernidades
dos tempos atuais, parece bem plausível considerar a possibilidade de
que as primeiras relações religiosas do homem, se estabelecessem através
dos elementos naturais.
O culto ao sol, à lua, às estrelas fez com que surgissem as primeiras
tribos panteístas, ou seja, aquelas que cultuavam o Deus Pã, que seria a
manifestação da própria natureza. Não existia o bem e o mal, mas um
desconhecimento das leis naturais que regem o universo e uma certa
confusão pela incapacidade de compreensão dos conceitos que assombravam o
homem daquela época.
Vamos fazer agora um exercício. Imagine-se há milhares de anos atrás,
sem as menores condições de moradia, higiene e comunicação. O que o
homem daquela época sentia? Frio, fome, sede, calor, ou seja, estava
totalmente focado na solução de suas necessidades básicas de
sobrevivência. Para o homem que vivia no deserto, o sol acabou se
tornando o demônio. Para o homem que vivia no gelo, o sol era Deus.
E assim o conceito de bem e mal foi criando-se, demonizando aquilo
que maltratava o homem e endeusando aquilo que lhe fazia bem, dentro de
um conceito muito limitado de consciência e aprendizagem, praticamente
inexistente naquela época, onde a escrita e a oratória praticamente
inexistiam. Com isso surgiram as primeiras figuras mitológicas e os
primeiros rituais, através dos líderes das tribos orientais,
principalmente com os primeiros xamanismos hiperbóreos (ao norte do
planeta), na região da Sibéria.
De lá, muitas tradições e conceitos foram criados para explicar Deus, suas leis e seu relacionamento com o homem.
As religiões mundiais mais conhecidas partiram de três pontos principais, que geraram todas as outras:
1 – Xamanismos Hiperbóreos – gerou o Taoísmo, Confucionismo,
Xintoísmo, Xamanismo Siberiano e o Xamanismo dos Índios
Norte-Americanos.
2 – Mitologias Arianas- Hinduísmo, Budismo, Religião Greco-Romana, Jainismo, Zoroastrianismo, Religião Germano-Céltica Antiga.
3 – Monoteísmos Semíticos – Judaísmo, Cristianismo e Islamismo.
Dentro dessa constituição histórica, muitas religiões desenvolveram
suas ideologias por meio de blocos de informação captados da Mente
Universal. Normalmente um Grande Mestre como Moisés, por exemplo, capta
uma informação pura da Mente Universal e deixa seu legado de
conhecimento e amor. Muitas vezes o discipulado que fica responsável por
disseminar as informações após a morte do mestre, não possui as mesmas
características e condições mediúnicas, e interpreta as escrituras de
acordo com seu grau de compreensão. Esses ensinamentos passados de
Mestre a discípulo ao longo dos milênios, sofrem distorções e muitos
cismas ao longo do tempo, principalmente quando os interesses pessoais
misturam-se aos ideais religiosos.
Agora que já temos uma breve compreensão da origem das tradições
religiosas, podemos adentrar no contexto e na visão oriental de
espiritualidade. De uma forma genérica, podemos dizer que no Oriente
existem duas correntes de pensamento muito fortes, que são as mais
antigas: o Hinduísmo, o Budismo. O Islamismo também é uma corrente muito
forte, mas é mais recente, ou seja, surgiu em 570 depois de Cristo,
enquanto que o hinduísmo surgiu há mais de 10.000 anos e o budismo como o
conhecemos hoje surgiu aproximadamente em 558 antes de Cristo.
O Hinduísmo surgiu primeiro, acredita-se que há mais de 10.000 anos
atrás quando um sábio canalizou diretamente da Fonte Universal os
ensinamentos chamados Vedas, que segundo a tradição, são as verdades
universais.
O hinduísmo traz fortemente a ideia de carma, que é uma visão da vida
que rapidamente popularizou-se em todo o Oriente. Talvez considerar a
influência do carma e da reencarnação, seja o ponto fundamental das
estruturas religiosas orientais, o que nos traz uma visão de eternidade e
de continuidade da vida.
A palavra carma tem origem no idioma sânscrito (Índia) e significa
ação, ou seja, é a lei natural que diz que todas as ações que realizamos
ecoam pela eternidade. Na Índia esse é um conceito tão enraizado, que é
adotado no sistema político, econômico, social e espiritual.
Com a visão de carma, criou-se há milênios o sistema de castas, que
consiste em dividir os hindus em classes sociais de acordo com sua
descendência e trazendo para a política a reencarnação. As castas são
divididas em quatro de acordo com a lenda de que o homem originou-se do
deus Brahma, o princípio universal da criação:
1) Brâmanes – casta de doutores e sacerdotes que dedicam-se a continuidade dos ensinamentos religiosos.
2) Kshatryas – casta dos soldados e guerreiros, os homens de defesa.
3) Vaishyas – casta dos comerciantes e agricultores.
4) Sudras - casta dos artistas, operários e toda a espécie de trabalhadores.
Analisando sob essa ótica, percebemos que a aceitação do carma foi a
melhor maneira que os hindus encontraram para se organizar. Como no
oriente não existe a culpa e o castigo com relação a sexualidade, algo
que existe aqui no ocidente cristão, o sistema de castas foi inclusive
uma maneira de organização social devido às superpopulações que existem
no oriente, principalmente na Índia.
Na visão hindu tudo possui uma visão cármica, pois quem nasce em uma
determinada casta, nela deve permanecer até sua morte e esforçar-se ao
máximo durante a vida para que numa próxima encarnação nasça numa casta
melhor.
A visão de carma torna a sociedade pacífica, pois cada um sabe das
conseqüências de seus atos, compreende a lei de ação e reação e tem
noção de que tudo o que é adquirido na Terra de forma negativa, só pode
ser transmutado aqui, em um nível de densidade apropriado para isso.
E por isso retornamos a cada vida, em corpos diferentes, em lugares
diferentes, com cenários diferentes para continuarmos a grande jornada
rumo à iluminação.
O povo que possui noção de carma, como o povo tibetano, por exemplo,
sabem que a resistência pacífica é a maior fonte de poder e que a
violência torna o homem fraco, fazendo com que o mesmo tenha que
utilizar-se de armas e força bruta para conseguir o que quer, de forma
material, sem considerar a espiritualidade como força de paz.
No oriente encontramos com muita força e raiz a visão de eternidade.
Certamente o Oriente tem muito a nos ensinar sobre carma, amor, fraternidade e principalmente sobre evolução espiritual.
Mas o oriente também tem seus radicalismos e muitas vezes se perde no
fanatismo religioso e na adoração exacerbada às tradições e
ritualísticas, enquanto que o Ocidente é mais frio e racional,
acreditando que se chega à verdade e à fé através dos sentidos físicos.
Temos muito o que aprender uns com os outros, tanto que no século
XIX, no Plano Astral Superior foi criada a Fraternidade da Cruz e do
Triângulo, e o acordo espiritual era de que espíritos que estavam
encarnando há muito tempo no ocidente, começariam a encarnar no oriente e
vice-versa, para proporcionar todo esse aprendizado.
Hoje podemos notar uma modernização e industrialização do Oriente e
uma espiritualização do Ocidente, principalmente pelos simpatizantes das
terapias vibracionais.
Atualmente é muito comum que ocidentais sintam afinidade com o
oriente e vice-versa. Se você sente essa afinidade, estude, aprofunde-se
e talvez você descubra um conhecimento interno surpreendente!
Mergulhe na sua espiritualidade de forma universalista, ou seja, com
uma visão aberta e liberta de sectarismos, dogmas e paradigmas.
Aproveite a maravilhosa época de liberdade em que vivemos para buscar
sua evolução e crescimento espiritual, seja aonde for, no oriente ou no
ocidente.
Pense nisso!
Por Patrícia Cândido
portalluzdaserra.com.br