O Amor é o surgimento de um sentimento inexplicável. Faz-se necessário, não só retermos os traços essenciais de sua descrição, mas também, acrescentarmos o que pode ser observado no surgimento até a sua grandeza. Será que o amor nasce grande? Ou é um eterno juvenil? Devemos viver todos os seus momentos, não só em si mesmo, como também vivenciá-lo nos outros.
Na origem do amor, há um choque provocado, seja pela admiração, seja por algum acidente que revelou um entendimento e fez nascer o desejo. Ficamos como um sonhador e dizemos para nós mesmos: Que sentimento é esse que sufoca e ao mesmo tempo torna tudo mais iluminado, mais alegre, com uma enorme vontade de viver, de cantar, de falar, de se unir? O que significa esse olhar? Este dia está longo demais? Quando os amados se encontram, tudo vira romance, tudo vira prazer, e as horas se misturam com os sentimentos. O tempo cessa, mas as horas voam. O nosso único desejo é amar por toda vida.
O choque fixa a atenção e a ausência torna favorável o nascimento do amor. A grande força do amor é estar ausente. A presença revela a fraqueza que o amor nos proporciona. Ficamos dominados, sem forças para reagir aos desejos. Na ausência, ao contrário, o ser amado torna-se saudade. É muito mais fácil dominar a saudade que o desejo da presença.
Se congelarmos o tempo, o ser amado se transforma num ser diferente, superior ao que é. Viver um amor é o nosso maior desejo, o nosso maior sonho, porém, quando sentimos surgi-lo em nossa vida, milhares de dúvidas vêm à mente, mas logo vão embora quando o coração começa a gritar.
É nesse congelamento onde se opera o grande encontro, que se produz sem perigo para o amor, porque nossa emoção é tão grande, que diante do ser amado, a presença foge do real. É porque substituímos pelo congelamento do tempo. Não escutamos a voz da razão. A alegria que experimentamos traz o abrigo das surpresas, porque tudo está surgindo do interior, um novo mundo pessoal, porém, confuso.
Enquanto conseguirmos manter as coisas nesse estado, o amor dá apenas felicidade, mas uma lareira não queima sem alimento, e esse fogo nascente se extingue depressa. Algum sopro de esperança, por leve que seja, deve ser dado para reanimá-lo. Em matéria de sinais de encorajamento, o amor não é difícil. Um olhar, um aperto de mão, uma palavra mais audaciosa logo o estimula.
Quando esses sinais são claros e constantes, um amor mútuo está surgindo, e nada é mais iluminado, nada é mais bonito. Porém, acontece que a incerteza e a insegurança matam o sentimento. O amor, no seu auge, nutre-se de dúvidas, de medos, que são frutos da mente e não do coração.
Muitas vezes os sinais não correspondem a nenhuma variação real das afeições. A timidez ou o pudor ditam movimentos que acreditamos inspirados pelo desprezo. Tomamos por um sinal e interpretamos com uma minúcia que não pertence, senão, aos amantes. Não existe nada que inquiete o amor. Ele descobre os sentidos ocultos, adivinha o que nos falta e enterra o mais profundo vazio da nossa alma.
O amor é, assim como um gatinho que tenta saltar sobre um rolo de lã, oferecido e depois tirado. Assim é a presa do amor, deixa-se prender pelas provocações dos desejos sensuais. É um movimento natural e facilmente explicável: perseguir o que se recusa e recusar o que é oferecido.
O homem e a mulher têm que ter a grandeza de dizer: "Sei que, confessando meu amor por você, fico frágil e à sua mercê, mas me agrada, e fico feliz em aceitar esta situação". Quem ama se entrega totalmente. Um bonito amor, mútuo e confiante, poderá vivenciar, em sua totalidade, toda a sua satisfação em viver.
Os primeiros tempos de um amor mútuo são os que podemos conceber como os mais deliciosos. Cada um eleva-se acima de si mesmo e se torna no que o outro quer que ele seja. Não importa quanto esse estado possa durar, o importante é o momento presente e a intensidade com que é vivenciado. Assim, poderá crer na bela existência de um amor bem vivido.
Mesmo que a força dos amores e dos seus sentimentos seja similar ou diferenciado um do outro, há de persistir. Todos devem conquistar e, sem cessar, reconquistar. O amor, algumas vezes, não se oferece sem uma boa batalha.
BNN
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