Tomara que os olhos de inverno das circunstâncias mais
doídas não sejam capazes de encobrir por muito tempo os nossos olhos de
sol. Que toda vez que o nosso coração se resfriar à beça, e a respiração
se fizer áspera demais, a gente possa descobrir maneiras para cuidar
dele com o carinho todo que ele merece.
Que lá no fundo mais fundo do
mais fundo abismo nos reste sempre uma brecha qualquer, ínfima, tímida,
para ver também um bocadinho de céu. Tomara que os nossos enganos mais
devastadores não nos roubem o entusiasmo para semear de novo.
Que a
lembrança dos pés feridos quando, valentes, descalçamos os sentimentos,
não nos tire a coragem de sentir confiança. Que sempre que doer muito,
os cansaços da gente encontrem um lugar de paz para descansar na varanda
mais calma da nossa mente.
Que o medo exista, porque ele existe, mas
que não tenha tamanho para ceifar o nosso amor. Tomara que a gente não
desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo.
Que a gente
reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso. Que as mentiras
alheias não confundam as nossas verdades, mesmo que as mentiras e as
verdades sejam impermanentes.
Que friagem nenhuma seja capaz de
encabular o nosso calor mais bonito. Que, mesmo quando estivermos
doendo, não percamos de vista nem de sonho a ideia da alegria.
Tomara
que apesar dos apesares todos, dos pesares todos, a gente continue tendo
valentia suficiente para não abrir mão de se sentir feliz. Tomara.
Ana Jácomo.
integracaoholistica.blogspot.com
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