Por Thiago Leite*
Segundo a Conscienciologia, cada consciência (o mesmo que alma, ego,
cada individualidade autoconsciente – cada um de nós é uma consciência)
passa por um complexo processo de evolução. Somos dotados de veículos de
manifestação que atuam em diversas dimensões, como o corpo físico ou
soma (dimensão intrafísica) e o corpo emocional ou psicossoma (dimensão
extrafísica). Esse processo evolutivo várias existências sucessivas,
alternando vidas intrafísicas (que culminam com a morte física ou
dessoma) com períodos extrafísicos (também chamados de intermissões, que
se encerram com a ressoma, ou seja, o nascimento em uma nova vida
intrafísica).Nessa alternância entre vidas intrafísicas e extrafísicas, não é raro ocorrerem problemas de adaptação, tanto para quem dessoma (“perdendo” o corpo físico e passando para uma existência extrafísica) quanto para quem ressoma (deixando a dimensão extrafísica, mais sutil, e passando para uma dimensão mais densa). Podemos considerar que a maioria dos problemas de adaptação desse tipo são naturalmente superadas pela consciência. O (re)aprendizado no uso do corpo físico é acompanhado por outros indivíduos (a família, por exemplo), e, quando a pessoa se estabelece como um ser humano adulto, já consegue se comunicar e se relacionar bem com aqueles que o rodeiam.
No entanto, esse processo de adaptação nem sempre é tranquilo, especialmente quando se trata da passagem de uma vida extrafísica para uma existência intrafísica. Segundo a consciencióloga Málu Balona, em seu livro Síndrome do Estrangeiro, a “SEST – Síndrome do Estrangeiro é m distúrbio do comportamento, caracterizado por um estado mórbido de alienação, estranheza ao ambiente e/ou a pessoas, inadaptação, melancolia aguda, apatia, depressão, às vezes acompanhada de anorexia, podendo levar à dessoma prematura” (p. 23-24).
Para Balona, esse estado se deve a uma sensação de estranhamento e inadequação em relação à vida intrafísica, causada por uma saudade inconsciente da dimensão extrafísica. Não se trata, portanto, de qualquer inadaptação social ou psicopatológica, mas de um caso específico que diz respeito à realidade consciencial multidimensional e multiexistencial da pessoa.
Essa sensação é comparável ao isolamento do antropólogo ou etnógrafo que, longe de sua própria sociedade e cultura, se encontra num meio sócio-cultural estranho ao seu, com dificuldades de se comunicar com os nativos (que falam outra língua). A Síndrome do Estrangeiro se caracteriza inclusive pela dificuldade de se comunicar (compreender e se fazer entender) com os outros. A condição de estranhamento é normalmente acompanhada de um estado de tristeza.
Quando se prepara para ressomar, a consciência elabora uma pauta de realizações na vida intrafísica, chamada de programação existencial (proéxis). Nessa fase, está apenas antevendo de forma teórica as experiências que terá na vida intrafísica. Quando está próximo do processo de ressoma, essa consciência começa a conhecer de perto as pessoas que comporão seu ciclo familiar, simulando as atividades que realizará e a profissão que potencializará a execução de sua proéxis.
No entanto, a parte teática (teoria + prática) desse processo, a própria vivência da vida intrafísica, pode apresentar dificuldades, pois há uma grande diferença entre planejar e executar, especialmente considerando a disparidade entre as duas dimensões conscienciais. De fato, o próprio processo de ressoma traz um esquecimento temporário do que foi planejado durante a intermissão. Segundo Balona, “Uma situação é assistirmos ao trailer da vida que teremos […]. Outra condição muito diferentes é acordar já dono de um corpo humano, sem saber como se chegou a esta situação, nem para onde voltar. Esse é o conflito básico da SEST” (p. 27).
De acordo com a Projeciologia (especialidade da Conscienciologia que estuda os fenômenos da projeção da consciência para fora do corpo humano), uma das terapias mais eficazes para a superação da Síndrome do Estrangeiro é a projeção consciente. Este fenômeno consiste na saída da consciência para a dimensão extrafísica, manifestando-se através do psicossoma.
Ao aplicar uma das diversas técnicas que possibilitam à consciência sair do corpo físico e experimentar a manifestação na dimensão extrafísica, portando o psicossoma com o qual atuava na última intermissão, e entrando em contato mais direto com consciências extrafísicas que já conhece desde longa data, o portador da SEST pode curar sua saudade, compreendendo que ainda vive na realidade multidimensional que conhecia antes. Ele tem ainda a possibilidade de entender melhor sua condição de consciência intrafísica e a necessidade de realizar sua proéxis, sem se deixar desviar por sentimentos de apego à dimensão extrafísica.
Para mais informações sobre essa síndrome, recomenda-se a leitura do livro Síndrome do Estrangeiro, de Málu Balona, que pode ser adquirido na sede do INTERCAMPI ou pelo site Shopcons (http://www.shopcons.com.br/).
*Voluntário do INTERCAMPI em Natal
fonte: intercampi.org
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