Perguntei a homens e mulheres das classes médias cariocas: “Você
chora muito, pouco ou nunca?”: 52% das mulheres responderam que choram
muito, 46% que choram pouco e 2% disseram que nunca choram.
Já os homens responderam que choram pouco (58%) ou nunca (37%). Apenas 5% disseram que choram muito.
Quando perguntei: “Quem chora mais: o homem ou a mulher?”, 95% dos
pesquisados disseram que a mulher chora mais, e os demais afirmaram que
não existe diferença de gênero no choro.
Nenhum pesquisado disse que o homem chora mais do que a mulher.
Noventa e sete por cento dos pesquisados discordaram da frase “homem
não chora”, dizendo que é machista, preconceituosa, clichê,
estereotipada, ultrapassada, mentirosa, mito, tabu.
Eles e elas apontaram as seguintes razões para a mulher chorar mais:
tensão pré-menstrual, hormônios, sensibilidade, emotividade, fatores
culturais e, especialmente, liberdade para chorar.
As mulheres seriam mais livres para expressar emoções como tristeza, dor, sofrimento, fragilidade, insegurança, medo.
Uma jornalista de 40 anos disse: “Eu acho que os homens sofrem menos e
por isso não choram. Quando me separei, passei meses chorando. Meu
ex-marido enchia a cara de cerveja todos os dias e parecia estar se
divertindo muito”.
Uma professora de 57 anos contou: “Em 25 anos de casados, nunca vi
meu marido chorar, nem quando o pai dele morreu. Ele diz que chora para
dentro, que engole o choro. Ele cresceu ouvindo frases como: ‘homem não
chora’, ‘quem chora é mulherzinha ou veado’. Ele tem vergonha de chorar
até comigo e com nossos filhos”.
Um analista de sistemas de 47 anos afirmou: “Eu choro, sim, mas
escondido. Quando bebo, choro no banheiro, em segredo. É uma verdadeira
válvula de escape, um alívio, uma faxina interna. Lava a minha alma,
fico mais leve. Não choro nem na frente da minha mulher ou do meu melhor
amigo. Não quero que me achem um fraco”.
Os homens parecem ser muito mais livres do que as mulheres para rir e
para brincar. No entanto, apesar de discordaram da frase “homem não
chora”, eles ainda não são livres para chorar.
por Mirian Goldenberg
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