O perigo dos pequenos pensamentos negativos
:: Bel Cesar ::
Como
é verdadeiro o fato de que basta seguirmos um ínfimo pensamento
negativo para desencadearmos uma série de dúvidas e frustrações! Nossos
pequenos pensamentos negativos são como um vírus, que rapidamente se
multiplica e cresce, causando-nos febre e mal-estar.
É preciso manter nossa mente sob uma lente de aumento de microscópio.
Como
são tantos os pensamentos que fluem em nossa mente, na maioria das
vezes não nos damos conta do quanto somos invadidos por atitudes mentais
destrutivas. É como a gripe: na maioria das vezes, só percebemos que
estamos gripados quando começamos a nos sentir mal. Mas assim como é
possível reverter um processo gripal se soubermos identificar seus
menores sintomas, podemos reverter a mente negativa ao aprender a
identificá-la assim que ela surgir.
Lama Gangchen Rinpoche nos
ensina a reconhecer os menores sinais de mudança de nossa mente nas
diversas expressões de rosto: elas refletem as nuanças de cada
forma-pensamento. Para tanto, ele nos estimula a usar nossa capacidade
de manter a atenção como um espelho. Isto é, se estivéssemos vendo nossa
imagem 24 horas refletida num espelho, ficaríamos surpresos ao ver
quantas de nossas expressões faciais não são tão belas quanto aquelas
que tentamos fazer quando nos olhamos no espelho rapidamente para nos
arrumar.
"Se não queremos mais ter faces feias, temos que
começar por admitir que costumamos fazê-las", alertou Lama Gangchen
Rinpoche em seus ensinamentos.
Mas, por que fazemos faces feias?
Rinpoche nos lembra que estas faces expressam nossa fome e sede
interior que se agravam à medida que não fazemos nada para saciá-las!
Costumamos perder mais tempo nos lamentando da fome do que gerando
recursos para supri-la. Isso ocorre porque conhecemos pouco os alimentos
da alma. O que torna nossa mente sutil satisfeita?
São atitudes
que nutrem nosso corpo e mente sutil: orar, recitar mantras, fazer
visualizações criativas, assim como mover o corpo com gestos pacíficos.
Temos que admitir que nossas atitudes habituais não nos nutrem
verdadeiramente, pois são o resultado de uma mente pequena que quer
apenas se proteger, se defender. Mas possuímos também uma mente grande,
que busca naturalmente por evolução.
Thomas Moore, em seu livro O
que são almas gêmeas (Ed. Ediouro), comenta que por mais verdadeiros
que sejam os problemas da vida prática, eles nunca são idênticos às
preocupações da alma. Por isso, escreve: "Para nos devotarmos à alma,
talvez seja preciso soltar outros vínculos, e para permitir que a alma
expresse sua própria intencionalidade e propósitos, talvez tenhamos que
abrir mão de antigos valores e expectativas".
De fato, as
exigências da alma podem nos parecer paradoxais. Por exemplo, quem não
conhece o desejo de querer se libertar das atitudes baseadas no apego,
como o ciúme? Apesar da alma não querer viver sob a tensão do controle,
nossa mente pequena encontra apenas segurança quando controla tudo e
todos...
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