Mulheres curadoras
por Mani Alvarez
Erveiras, raizeiras, benzedeiras, mulheres sábias que por muito tempo andaram sumidas, ou até mesmo escondidas. Hoje retornam
com um diploma de pós-graduação nas mãos e um sorriso maroto nos
lábios. Seu saber mudou de nome. Chamam de terapia alternativa, medicina
vibracional, fitoterapia, práticas complementares…são reconhecidas e
respeitadas, tem seus consultórios e fazem palestras.
As
mulheres curadoras fazem parte de um antigo arquétipo da humanidade. Em
todas as lendas e mitos, quando há alguém doente ou com dores, sempre
aparece uma mulher idosa para oferecer um chazinho, fazer uma compressa,
dar um conselho sábio. Na verdade, a mulher idosa é um arquétipo da
‘curadora’, também chamada nos mitos de Grande Mãe.
Não tem
nada a ver com a idade cronológica, porque esse é um arquétipo comum a
todas as mulheres que sentem o chamado para a criatividade, que se
interessam por novos conhecimentos e estão sempre a procura de mais
crescimento interno. Sua sabedoria é saber que somos “obras em
andamento’, apesar do cansaço, dos tombos, das perdas que sofremos… a
alma dessas mulheres é mais velha que o tempo, e seu espírito é
eternamente jovem.
Talvez seja por isso que, como disse
Clarissa Pinkola, toda mulher parece com uma árvore. Nas camadas mais
profundas de sua alma ela abriga raízes vitais que puxam a energia das
profundezas para cima, para nutrir suas folhas, flores e frutos. Ninguém
compreende de onde uma mulher retira tanta força, tanta esperança,
tanta vida. Mesmo quando são cortadas, tolhidas, retalhadas, de suas
raízes ainda nascem brotos que vão trazer tudo de volta à vida outra
vez.
Por isso entendem as mulheres de plantas que curam, dos
ciclos da lua, das estações que vão e vem ao longo da roda do sol pelo
céu. Elas tem um pacto com essa fonte sábia e misteriosa que é a
natureza,. Prova disso é que sempre se encontra mulheres nos bancos das
salas de aula, prontas para aprender, para recomeçar, para ampliar sua
visão interior. Elas não param de voltar a crescer…
Nunca
escrevem tratados sobre o que sabem, mas como sabem coisas! Hoje os
cientistas descobrem o que nossas avós já diziam: as plantas têm
consciência! Elas são capazes de entender e corresponder ao ambiente à
sua volta. Converse com o “dente-de-leão” para ver… comunique-se com as
plantas de seu jardim, com seus vasos, com suas ervas e raízes, o
segredo é sempre o amor.
Minha mãe dizia que as árvores são
passagens para os mundos místicos, e que suas raízes são como antenas
que dão acesso aos mundos subterrâneos. Por isso ela mantinha em nossa
casa algumas árvores que tinham tratamento especial. Uma delas era
chamada de “árvore protetora da família”, e era vista como fonte de
cura, de força e energia. Qualquer problema, corríamos para abraçá-la e
pedir proteção.
O arquétipo de ‘curadora’ faz parte da essência
do feminino, mesmo que seja vivenciado por um homem. Isso está aquém
dos rótulos e definições de gênero. Faz parte de conhecimentos
ancestrais que foram conservados em nosso inconsciente coletivo.
Perdemos a capacidade de olhar o mundo com encantamento, mas podemos
reaprender isso prestando atenção nas lendas e nos mitos que ainda falam
de realidades invisíveis que nos rodeiam. Um exemplo? Procure saber
mais sobre os seres elementais que povoam os nossos jardins e as fontes
de águas… fadas, gnomos, elfos, sílfides, ondinas, salamandras…
As “curadoras’ afirmam que podemos atrair seres encantados para nossos
jardins! Como? Plantando flores e plantas que atraiam abelhas e
borboletas, gaiolas abertas para passarinhos e bebedouros para
beija-flores.
Algumas plantas ‘convidam’ lindas borboletas para
seu jardim, como milefólio, lavanda, hortelã silvestre, alecrim,
tomilho, verbena, petúnia e outras. Deixe em seu jardim uma área
levemente selvagem, sem grama, os seres elementais gostam disso. Convide
fadas e elfos para viverem lá.
Este artigo foi publicado pelo Jornal 100% Vida de maio/2012
por Mani Alvarez
* Coordenadora do curso de pós-graduação em Práticas Complementares em Saúde
integracaoholistica.blogspot.com
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