sábado, 20 de agosto de 2016

Gordura no Fígado e a Tireoide

A saúde hepática é muito importante para o bom funcionamento da tireoide. O fígado remove as toxinas do corpo, mas também está envolvido no metabolismo dos carboidratos, das proteínas e gorduras. O fígado armazena certas vitaminas, desempenha um papel no metabolismo da vitamina D e também está envolvido na coagulação do sangue. A conversão do hormônio da tireoide também é feita no fígado.
O fígado gordo – também conhecido como doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) ou nos casos mais graves, a esteatose hepática – refere-se à acumulação de gordura no fígado.

Hoje vamos discutir as causas deste problema, como se relaciona com a saúde da tireoide e como prevenir e reverter este problema de saúde.
A gordura no fígado é um problema de saúde comum: até 30% da população em países desenvolvidos tem a doença e quase 10% da população nos países em desenvolvimento. É a doença do fígado mais comum no mundo.

A gordura no fígado pode levar à esteatose hepática não alcoólica, que é uma doença crônica grave do fígado. A gordura no fígado é normalmente assintomática, mas aumenta a taxa de mortalidade em relação à população em geral aumenta o risco de desenvolver doença cardiovascular e diabetes.
O diagnóstico da gordura no fígado geralmente envolve uma biópsia ou um ultrassom. Muitas pessoas com esteatose hepática não sabem que têm a doença e o problema geralmente é detectado durante exames de rotina. Os resultados de exames mais comuns são a elevação das enzimas hepáticas ou fosfatase alcalina. Por vezes é detectada durante um ultrassom realizado em alguém que é suspeito de ter doença da vesícula biliar.

Causas da Gordura no Fígado

As evidências suportam uma associação entre a gordura no fígado e a síndrome metabólica. Tanto a DHGNA e síndrome metabólica têm mecanismos fisiopatológicos comuns, onde a resistência à insulina é um fator chave. A alimentação e fatores de estilo de vida desempenham um grande papel no desenvolvimento da resistência à insulina.
Gordura no Fígado e o Hipotireoidismo 
Para melhorar a sensibilidade à insulina é necessário um tecido adiposo saudável para a secreção normal de adipocitoquinas, que incluem a leptina e adiponectina. Quando alguém desenvolve excesso de peso ou obesidade, os adipócitos (células de gordura) ficam maiores. O tecido adiposo visceral acumulado produz e segrega uma série de adipocitocinas, tais como TNF-α e IL-6, que por sua vez levam a uma inflamação que exacerba a resistência à insulina.

Embora uma dieta pobre e a falta de exercício físico são as causas mais comuns da gordura no fígado, podem haver outros fatores envolvidos. Estes incluem endotoxinas bacterianas, supercrescimento bacteriano intestinal, certos medicamentos e toxinas ambientais, como petroquímicos e solventes orgânicos. Embora seja importante comer bem e se exercitar regularmente, estes outros fatores também precisam ser considerados.

Doença da Vesícula Biliar e a Gordura no Fígado

Os pacientes com gordura no fígado ou esteatose hepática tem uma alta prevalência de doença da vesícula biliar. Existem fatores de risco semelhantes entre estas doenças e tem sido sugerido que a remoção cirúrgica da vesícula biliar (colecistectomia) pode representar um fator de risco. No entanto, um estudo anterior mostrou que 55% das pessoas com doença da vesícula biliar tinha gordura no fígado.

Uma vez que a resistência à insulina é comum nos casos de esteatose hepática e de doença da vesícula biliar, é provável que a doença da vesícula biliar ou remoção cirúrgica da vesícula não causa a gordura no fígado, mas em vez disso, tanto a doença da vesícula biliar e esteatose hepática são causados pela resistência à insulina.

Gordura no Fígado e Inflamação Crônica

Como mencionado anteriormente, os pacientes com gordura no fígado possuem níveis elevados de citocinas pró-inflamatórias de necrose tumoral alfa e a interleucina-6. Estas citocinas pró-inflamatórias desempenham um papel nos distúrbios metabólicos hepáticos e na acumulação de gordura, e desta forma causam resistência à insulina, inflamação e fibrose do fígado. Mas o que significa isso em português simples?

A TNF-alfa, não só provoca inflamação, mas está associada ao aumento da resistência à insulina. No entanto, a resistência à insulina também pode levar a um aumento no TNF-alfa, e assim é criado um ciclo vicioso.
O TNF-alfa parece também desempenhar um papel na fibrose hepática (tecido cicatricial fibroso no fígado). A fibrose do fígado é associada com o aumento das doenças crônicas, e a fibrose avançada do fígado resulta em cirrose, insuficiência hepática, e hipertensão portal e muitas vezes levando à necessidade de um transplante de fígado.

A Gordura no Fígado e a Saúde Tireoideana

O hipotireoidismo parece ser mais prevalente em pessoas que com gordura no fígado. Um estudo realizado com 246 pacientes com esteatose hepática não alcoólica comprovada por biópsia mostrou que o hipotireoidismo foi mais frequente entre aqueles com esteatose hepática. Mas porque será esse o caso? Os autores deste estudo não dão uma resposta específica, a não ser mencionar a ligação entre o hipotireoidismo e a resistência à insulina, obesidade e diabetes.

No entanto, esses autores esqueceram de mencionar quantas destas pessoas tinham uma condição autoimune da tireoide. A maioria das pessoas com hipotireoidismo têm tireoidite de Hashimoto. A tireoidite de Hashimoto está associada com as citocinas pró-inflamatórias, as quais também estão associadas à esteatose hepática. Por isso, é possível que a gordura no fígado possa desencadear uma resposta autoimune e causar um aumento dos casos de tireoidite de Hashimoto. Embora isso não tenha sido comprovado, explicaria o aumento da prevalência do hipotireoidismo em pessoas com fígado gordo.

Prevenção e Tratamento da Gordura no Fígado

Ao ler esta informação, você provavelmente vai perceber que a melhor maneira de prevenir o desenvolvimento da gordura no fígado é tomar passos para evitar que a resistência à insulina ocorra. Para aqueles que já têm gordura no fígado, corrigir a resistência à insulina também deve ser o objetivo principal.
Como o estresse oxidativo desempenha um papel nesta doença, isso também é algo que deve ser abordado. Uma alimentação saudável (como a dieta da tireoide) é importante para quem tem resistência à insulina e o primeiro passo é evitar os alimentos refinados e açúcares. O exercício regular também é um fator importante e as modalidades recomendadas são a musculação e cardio leve.

A suplementação é muitas vezes necessária para ajudar a melhorar a sensibilidade à insulina, reduzir a inflamação e o estresse oxidativo. Aqui estão alguns suplementos para tratamento da gordura no fígado:
  • Ácidos Graxos Ômega 3. Os ácidos graxos ômega 3 podem ajudar no tratamento da gordura do fígado. Um estudo mostrou que o tratamento diário com óleo de peixe por seis meses melhorou o perfil lipídico e bloqueou o estresse oxidativo e liberação de citocinas.
  • Ácido Alfa Lipóico. O ácido alfa-lipóico (ALA) é um antioxidante poderoso e também pode ajudar com a sensibilidade à insulina. Há evidências de que a suplementação com ALA pode ajudar a prevenir a DHGNA, bem como beneficiar aqueles que já têm essa condição.
  • Como o estresse oxidativo é um fator importante no desenvolvimento da gordura no fígado, muitas pessoas com esta condição podem beneficiar de tomar antioxidantes tais como o CoQ10. A suplementação com CoQ10 pode diminuir o estresse oxidativo e a inflamação hepática.
  • Magnésio. O magnésio melhora a sensibilidade e diminui a resistência à insulina. A resistência à insulina é um fator chave na gordura do fígado e a suplementação com magnésio pode ajudar a melhorar a saúde das pessoas com essa condição.
  • O cromo também pode ajudar a regular a glicemia e melhorar a sensibilidade à insulina. Há evidências que o cromo pode ajudar a proteger o fígado e prevenir a progressão da doença.
  • Betaína. A metilação anormal do DNA contribui para a expressão genética hepática anormal, o qual é um dos principais fatores na patogênese da esteatose hepática. A betaína desempenha um papel importante na metilação. A suplementação de betaína pode ajudar a restabelecer a capacidade de metilação e melhorar a doença. No entanto, outro estudo mostrou que a betaína não melhorou a esteatose hepática, mas pode proteger contra o agravamento esteatose existente.
  • Vitamina E. Devido às suas propriedades antioxidantes, a vitamina E pode também ser benéfica.
  • Vitamina D. Níveis baixos de vitamina D estão associados a muitas doenças crônicas, e resistência à insulina não é exceção. Pacientes com esteatose hepática têm níveis séricos de vitamina D bastante baixos, o que sugere que o baixo nível da vitamina D pode desempenhar um papel no desenvolvimento e na progressão da doença. A vitamina D modula o sistema imune, uma deficiência desta está associada a numerosas condições inflamatórias.
Como mencionei anteriormente, existem outros fatores além da dieta e do exercício físico que podem ser responsáveis pelo desenvolvimento de esteatose hepática. Alguns exemplos são a presença de endotoxinas, supercrescimento bacteriano intestinal ou medicação que é responsável por essa condição.

Para Resumir…

Há uma alta prevalência de doença hepática gordurosa não alcoólica, e muitas pessoas não sabem que têm essa condição.
A resistência à insulina parece ser um fator importante no desenvolvimento desta condição e o estresse oxidativo também é um fator.
Superar a resistência à insulina e combater o estresse oxidativo vai ajudar muito a tratar o problema de gordura no fígado.
Em relação à saúde da tireoide, a gordura no fígado parece ser mais comum em pessoas com condições de hipotireoidismo, embora isso não significa que as pessoas com hipertireoidismo e doença de Graves não possam desenvolver esta doença.
Certos nutrientes e suplementos que podem ser úteis para pessoas com gordura no fígado incluem magnésio, cromo, betaína, CoQ10, ácido alfa-lipóico, vitamina E, vitamina D e os ácidos graxos ômega 3. Uma dieta saudável e exercício físico como a musculação é a melhor forma de prevenir e vencer a doença.

fonte: http://hipotireoidismo.net/gordura-no-figado/

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