Gordura no Fígado e a Tireoide
A
saúde hepática é muito importante para o bom funcionamento da tireoide.
O fígado remove as toxinas do corpo, mas também está envolvido no
metabolismo dos carboidratos, das proteínas e gorduras. O fígado
armazena certas vitaminas, desempenha um papel no metabolismo da
vitamina D e também está envolvido na coagulação do sangue. A conversão do hormônio da tireoide também é feita no fígado.
O fígado gordo – também conhecido como
doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) ou nos casos mais
graves, a esteatose hepática – refere-se à acumulação de gordura no
fígado.
Hoje vamos discutir as causas deste problema, como se relaciona com a saúde da tireoide e como prevenir e reverter este problema de saúde.
A gordura no fígado é um problema de saúde comum:
até 30% da população em países desenvolvidos tem a doença e quase 10%
da população nos países em desenvolvimento. É a doença do fígado mais
comum no mundo.
A gordura no fígado pode levar à esteatose hepática não alcoólica, que é uma doença crônica grave do fígado. A gordura no fígado é normalmente assintomática, mas aumenta a taxa de mortalidade em relação à população em geral aumenta o risco de desenvolver doença cardiovascular e diabetes.
O diagnóstico da gordura no fígado
geralmente envolve uma biópsia ou um ultrassom. Muitas pessoas com
esteatose hepática não sabem que têm a doença e o problema geralmente é
detectado durante exames de rotina. Os resultados de exames mais comuns
são a elevação das enzimas hepáticas ou fosfatase alcalina. Por vezes é
detectada durante um ultrassom realizado em alguém que é suspeito de ter
doença da vesícula biliar.
Causas da Gordura no Fígado
As evidências suportam uma associação
entre a gordura no fígado e a síndrome metabólica. Tanto a DHGNA e
síndrome metabólica têm mecanismos fisiopatológicos comuns, onde a resistência à insulina é um fator chave. A alimentação e fatores de estilo de vida desempenham um grande papel no desenvolvimento da resistência à insulina.
Para melhorar a sensibilidade à insulina é necessário um tecido adiposo
saudável para a secreção normal de adipocitoquinas, que incluem a
leptina e adiponectina. Quando alguém desenvolve excesso de peso ou
obesidade, os adipócitos (células de gordura) ficam maiores. O tecido
adiposo visceral acumulado produz e segrega uma série de adipocitocinas,
tais como TNF-α e IL-6, que por sua vez levam a uma inflamação que exacerba a resistência à insulina.
Embora uma dieta pobre e a falta de exercício físico são as causas mais comuns da gordura no fígado, podem haver outros fatores envolvidos. Estes incluem
endotoxinas bacterianas, supercrescimento bacteriano intestinal, certos
medicamentos e toxinas ambientais, como petroquímicos e solventes
orgânicos. Embora seja importante comer bem e se exercitar regularmente,
estes outros fatores também precisam ser considerados.
Doença da Vesícula Biliar e a Gordura no Fígado
Os pacientes com gordura no fígado ou esteatose hepática tem uma alta prevalência
de doença da vesícula biliar. Existem fatores de risco semelhantes
entre estas doenças e tem sido sugerido que a remoção cirúrgica da
vesícula biliar (colecistectomia) pode representar um fator de risco. No entanto, um estudo anterior mostrou que 55% das pessoas com doença da vesícula biliar tinha gordura no fígado.
Uma vez que a resistência à insulina é comum
nos casos de esteatose hepática e de doença da vesícula biliar, é
provável que a doença da vesícula biliar ou remoção cirúrgica da
vesícula não causa a gordura no fígado, mas em vez disso, tanto a doença
da vesícula biliar e esteatose hepática são causados pela resistência à
insulina.
Gordura no Fígado e Inflamação Crônica
Como mencionado anteriormente, os pacientes com gordura no fígado possuem níveis
elevados de citocinas pró-inflamatórias de necrose tumoral alfa e a
interleucina-6. Estas citocinas pró-inflamatórias desempenham um papel
nos distúrbios metabólicos hepáticos e na acumulação de gordura, e desta
forma causam resistência à insulina, inflamação e fibrose do fígado. Mas o que significa isso em português simples?
A TNF-alfa, não só provoca inflamação, mas
está associada ao aumento da resistência à insulina. No entanto, a
resistência à insulina também pode levar a um aumento no TNF-alfa, e
assim é criado um ciclo vicioso.
O TNF-alfa parece também desempenhar um papel
na fibrose hepática (tecido cicatricial fibroso no fígado). A fibrose
do fígado é associada com o aumento das doenças crônicas, e a fibrose
avançada do fígado resulta em cirrose, insuficiência hepática, e
hipertensão portal e muitas vezes levando à necessidade de um
transplante de fígado.
A Gordura no Fígado e a Saúde Tireoideana
O hipotireoidismo parece ser mais
prevalente em pessoas que com gordura no fígado. Um estudo realizado com
246 pacientes com esteatose hepática não alcoólica comprovada por
biópsia mostrou que o hipotireoidismo foi mais frequente
entre aqueles com esteatose hepática. Mas porque será esse o caso? Os
autores deste estudo não dão uma resposta específica, a não ser
mencionar a ligação entre o hipotireoidismo e a resistência à insulina,
obesidade e diabetes.
No entanto, esses autores esqueceram de
mencionar quantas destas pessoas tinham uma condição autoimune da
tireoide. A maioria das pessoas com hipotireoidismo têm tireoidite de Hashimoto.
A tireoidite de Hashimoto está associada com as citocinas
pró-inflamatórias, as quais também estão associadas à esteatose
hepática. Por isso, é possível que a gordura no fígado possa desencadear
uma resposta autoimune e causar um aumento dos casos de tireoidite de
Hashimoto. Embora isso não tenha sido comprovado, explicaria o aumento
da prevalência do hipotireoidismo em pessoas com fígado gordo.
Prevenção e Tratamento da Gordura no Fígado
Ao ler esta informação, você provavelmente
vai perceber que a melhor maneira de prevenir o desenvolvimento da
gordura no fígado é tomar passos para evitar que a resistência à
insulina ocorra. Para aqueles que já têm gordura no fígado, corrigir a
resistência à insulina também deve ser o objetivo principal.
Como o estresse oxidativo desempenha um
papel nesta doença, isso também é algo que deve ser abordado. Uma
alimentação saudável (como a dieta da tireoide)
é importante para quem tem resistência à insulina e o primeiro passo é
evitar os alimentos refinados e açúcares. O exercício regular também é
um fator importante e as modalidades recomendadas são a musculação e
cardio leve.
A suplementação é muitas vezes necessária
para ajudar a melhorar a sensibilidade à insulina, reduzir a inflamação e
o estresse oxidativo. Aqui estão alguns suplementos para tratamento da gordura no fígado:
- Ácidos Graxos Ômega 3. Os ácidos graxos ômega 3 podem ajudar no tratamento da gordura do fígado. Um estudo mostrou que o tratamento diário com óleo de peixe por seis meses melhorou o perfil lipídico e bloqueou o estresse oxidativo e liberação de citocinas.
- Ácido Alfa Lipóico. O ácido alfa-lipóico (ALA) é um antioxidante poderoso e também pode ajudar com a sensibilidade à insulina. Há evidências de que a suplementação com ALA pode ajudar a prevenir a DHGNA, bem como beneficiar aqueles que já têm essa condição.
- Como o estresse oxidativo é um fator importante no desenvolvimento da gordura no fígado, muitas pessoas com esta condição podem beneficiar de tomar antioxidantes tais como o CoQ10. A suplementação com CoQ10 pode diminuir o estresse oxidativo e a inflamação hepática.
- Magnésio. O magnésio melhora a sensibilidade e diminui a resistência à insulina. A resistência à insulina é um fator chave na gordura do fígado e a suplementação com magnésio pode ajudar a melhorar a saúde das pessoas com essa condição.
- O cromo também pode ajudar a regular a glicemia e melhorar a sensibilidade à insulina. Há evidências que o cromo pode ajudar a proteger o fígado e prevenir a progressão da doença.
- Betaína. A metilação anormal do DNA contribui para a expressão genética hepática anormal, o qual é um dos principais fatores na patogênese da esteatose hepática. A betaína desempenha um papel importante na metilação. A suplementação de betaína pode ajudar a restabelecer a capacidade de metilação e melhorar a doença. No entanto, outro estudo mostrou que a betaína não melhorou a esteatose hepática, mas pode proteger contra o agravamento esteatose existente.
- Vitamina E. Devido às suas propriedades antioxidantes, a vitamina E pode também ser benéfica.
- Vitamina D. Níveis baixos de vitamina D estão associados a muitas doenças crônicas, e resistência à insulina não é exceção. Pacientes com esteatose hepática têm níveis séricos de vitamina D bastante baixos, o que sugere que o baixo nível da vitamina D pode desempenhar um papel no desenvolvimento e na progressão da doença. A vitamina D modula o sistema imune, uma deficiência desta está associada a numerosas condições inflamatórias.
Como mencionei anteriormente, existem
outros fatores além da dieta e do exercício físico que podem ser
responsáveis pelo desenvolvimento de esteatose hepática. Alguns exemplos
são a presença de endotoxinas, supercrescimento bacteriano intestinal
ou medicação que é responsável por essa condição.
Para Resumir…
Há uma alta prevalência de doença hepática gordurosa não alcoólica, e muitas pessoas não sabem que têm essa condição.
A resistência à insulina parece ser um
fator importante no desenvolvimento desta condição e o estresse
oxidativo também é um fator.
Superar a resistência à insulina e combater o estresse oxidativo vai ajudar muito a tratar o problema de gordura no fígado.
Em relação à saúde da tireoide, a gordura
no fígado parece ser mais comum em pessoas com condições de
hipotireoidismo, embora isso não significa que as pessoas com
hipertireoidismo e doença de Graves não possam desenvolver esta doença.
Certos nutrientes e suplementos que podem
ser úteis para pessoas com gordura no fígado incluem magnésio, cromo,
betaína, CoQ10, ácido alfa-lipóico, vitamina E, vitamina D e os ácidos
graxos ômega 3. Uma dieta saudável e exercício físico como a musculação é
a melhor forma de prevenir e vencer a doença.
fonte: http://hipotireoidismo.net/gordura-no-figado/
Nenhum comentário:
Postar um comentário