segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A QUEM PERTENCE O INSULTO?



Perto de Tókio vivia um grande samurai, já idoso, que agora se dedicava a ensinar o zen budismo aos jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.
Certa tarde, um guerreiro – conhecido por sua total falta de escrúpulos – apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação: esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para reparar os erros cometidos, contra-atacava com velocidade fulminante.

O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. Conhecendo a reputação do samurai, estava ali para derrota-lo, e aumentar sua fama. Todos os estudantes se manifestaram contra a idéia, mas o velho aceitou o desafio.
Foram todos para a praça da cidade, e o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos – ofendendo inclusive seus ancestrais.
Durante horas fez tudo para provoca-lo, mas o velho permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se. 


Desapontados pelo fato de que o mestre aceitara tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram: 


- Como o senhor pode suportar tanta indignidade? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós? 

- Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente? – perguntou o samurai. - A quem tentou entrega-lo – respondeu um dos discípulos. 

- O mesmo vale para a inveja, a raiva, e os insultos – disse o mestre. – Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava consigo.


Autor desconhecido


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