domingo, 27 de agosto de 2017

Podes vir dizer-me
Tudo o que já sei
E que eu disse a mim mesma
Até me de indigestão:
Que não sou perfeita,
Que cometo muitos erros,
Que sou impulsiva,
Explosiva,
Compulsiva,
Que tenho e contenho mil defeitos,
Mil prismas,
Que eu sou louca (em um mundo ao contrário),
Que vivo num mundo separado
(o mesmo que tu habitas em silêncio
Em seus sonhos de liberdade).
Eu digo-te uma coisa que sei
Irrevogável como rocha,
Sem necessidade de sua aprovação:
Eu sei que sou magia.
Eu sei que sou poesia.
E sendo tudo o que habita em mim,
Que das minhas entranhas brota,
E chove
E explode.
E voa.
E cai,
E levanta-se.
Com as minhas noites e estrelas,
Com as minhas luas novas e cheias,
Com os meus invernos e primaveras,
E a minha imperfeita humanidade,
Eu digo-te com clareza da água.
Que nenhuma nuvem negra
Como o teu julgamento.
Seu preconceito,
O teu nevoeiro e o teu medo.
Pode fazer-me escurecer. .



Ada Luz Márquez

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