QUEM É VOCÊ AMANHÃ?
Quanto aos homens,
não é o que eles são o que me interessa,
mas o que eles podem se tornar.
(Jean Paul Sartre)
As
pessoas fogem de si mesmas, perdem-se no meio da multidão, afundam-se
nas preocupações do dia a dia, na rotina, e quando olham para si não
veem nada, não sabem dizer o que buscam para si mesmas. Desde muito cedo
somos questionados sobre o que queremos ser quando crescermos e não
somos incentivados, estimulados a nos conhecer. Vivemos numa sociedade
que nos afasta de nós mesmos. Sociedade essa criada por nós – homens e
mulheres. A luta pela sobrevivência neste mundo caótico não nos deixa
muito tempo para pararmos para pensar se, de fato, queremos fazer parte
disso. Simplesmente vamos seguindo conforme o que nos foi
preestabelecido pela cultura, pela religião, pelos padrões, pela
tradição etc.
Em grandes linhas, fomos criados para ter uma
profissão, casar, ter filhos, netos, nos aposentar e esperar a morte
chegar. Porém, há algum tempo essa forma de se construir vem sendo
questionada, quebrada e reconstruída por alguns. Quebrar paradigmas,
destruir para poder reconstruir, faz com que o sentimento de “falta de
chão”, de desorientação venha à tona. É natural que neste processo de
reconstrução, principalmente se o caminho for oposto ao “imposto”
socialmente, haja momentos de vazio, de solidão, de angústia, de querer
voltar atrás e se abandonar novamente.
De
fato, constatamos diariamente que o homem nasce livre, e por toda parte
encontra-se acorrentado, como disse Jean Jacques Rousseau. Somos livres
para escolher como dar forma a nós mesmos, embora tenhamos de aceitar
algumas limitações sociais. No entanto, dentro do âmbito das escolhas
realistas, com frequência, descobrimos que quando coagidos, tomamos
decisões baseadas no hábito ou na visão habitual que temos de nós
mesmos. Não nos permitimos “olhar de cima”, “a pensar fora da caixa”.
Segundo
Jean Paul Sartre, filósofo existencialista, a escolha do que queremos
nos tornar está em nossas mãos, somos seres compelidos a determinar um
propósito para as nossas vidas, seja ele afetivo, social, pessoal…
afinal, dentro da filosofia existencialista, não existe um poder divino
que prescreve esse propósito, devemos definir a nós mesmos.
Definir
a nós mesmos não é apenas uma questão de ser capaz de dizer o que somos
como seres humanos. Em vez disso, é uma questão de assumirmos a forma
de qualquer tipo de ser que escolhemos nos tornar. No entanto, escolher
um caminho para ser o que queremos ser significa abrir mão de todos os
outros caminhos. Qualquer escolha que façamos vem acompanhada da perda.
A
perda faz parte da nossa construção, do nosso projeto de ser. Essas
perdas é que nos tiram da nossa zona de conforto. Elas nos fazem
enxergar além do nosso próprio umbigo. A perda nos traz aprendizado. É a
oportunidade que temos para ganhar o amadurecimento, para nos
descobrirmos, para nos conhecermos, para encararmos de frente quem somos
e projetarmos o que queremos ser amanhã.
Ana Matos.
fonte: osegredo.com.br
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