Abrir mão do relacionamento ou do emprego muitas vezes é o caminho mais sensato para viver melhor. Entenda por que agir assim não é obrigatoriamente sinônimo de derrota
Insista, persista, tente outra vez. Em artes
compartilhadas nas redes sociais, em cartões (ainda há quem mande
cartões de papel para amigos e familiares) e até nas letras de músicas,
tais palavras de ordem deixam uma mensagem única: é proibido desistir,
mesmo que isso signifique ficar triste, sofrer e até adoecer.
Mas
se uma situação não faz bem, por que a tendência da maioria das pessoas é
permanecer nela? “Na sociedade competitiva em que vivemos, somos
criados para não assumir uma ‘derrota’. E, para muita gente, desistir é
sinônimo de ser derrotado, o que está longe de ser verdade”, diz a
psicóloga, coach de mulheres e consultora estratégica em gestão de
pessoas Gisele Meter.
“Além disso, há quem não abre mão de algo que faz mal
por medo de sofrer uma rejeição como resposta. Por exemplo: terminar um
namoro e ouvir ‘ah, tudo bem, eu já não gostava mais de você mesmo’ ou
falar para o chefe que ou recebe um aumento ou vai sair do emprego e ele
dizer ‘o aumento não darei, se você vai querer ficar ou não é
indiferente para mim’. Não é todo mundo que tem estrutura para isso”,
complementa a psicóloga.
Para o psiquiatra Roberto
Shinyashiki, autor de livros como “Louco por Viver” e “O Sucesso É Ser
Feliz” (ambos da Editora Gente), insistir no que atrapalha a vida está
relacionado à aversão pelo desconhecido.
“As pessoas preferem o
mal conhecido ao risco desconhecido. Submetem-se a um emprego sem
perspectiva de crescimento ou a um relacionamento que só traz
frustrações porque se sentem seguras. Imaginam que ali, pelo menos, não
serão demitidas ou abandonadas. A adaptação que acomoda é uma
característica do ser humano”, afirma.
Aprenda: 12 passos para criar coragem
Como
insistir incondicionalmente faz parte da dinâmica de nossa sociedade e
das características humanas, nem sempre é fácil perceber quando é melhor
desistir de algo para melhorar a própria vida. Leia a seguir dez sinais
de está na hora de parar com o que não está funcionando para começar de
novo:
1) A outra parte não dá sinais de que está em sintonia com as suas intenções
A
sua vontade é que o namoro evolua para o casamento, mas seu namorado se
esquiva do assunto ou fala abertamente que casar não está nos planos
imediatos dele. Você ocupa a mesma posição no trabalho há anos e percebe
uma possibilidade de crescimento na empresa, mas sua chefia não
valoriza seu trabalho. “Não adianta dar murro em ponta de faca. Para
projetos darem certo, as duas partes precisam estar na mesma página”,
diz Roberto.
2) Você pensa no assunto em ocasiões completamente distantes dele
O
problema não sai de sua cabeça, você sofre por causa dele o dia todo.
Se é algo relacionado ao trabalho, a parte sentimental é negligenciada;
se é uma insatisfação com o parceiro, o rendimento no trabalho cai. “Ao
perceber que o foco está distante do que está sendo feito e vivido
naquele momento, o ideal é parar e avaliar. Certamente não vale mais a
pena manter isso no seu dia a dia”, aconselha Gisele.
3) Sua insistência impede que boas oportunidades sejam aproveitadas
Muitas
vezes, boas oportunidades de mudança surgem – um emprego em outra
empresa, que lhe tiraria da ocupação que você detesta, um amigo
interessado em sair com você, mas que nada fez porque você está
comprometida com aquele cara que só lhe faz mal – e escapam porque você
só se concentra em não desistir, em não passar a imagem de que não se
esforçou o suficiente para dar certo. Passado um tempo, você se dá conta
de que deixou de aproveitá-las e lamenta. O arrependimento é um forte
sinal de que está na hora de abrir mão. “É o processo de
autoconhecimento se manifestando”, alerta Gisele.
4) Você tem o discurso pronto para desistir, mas nunca o coloca em prática
A
situação incomoda tanto que você já sabe até como vai falar para o
chefe ou o parceiro que não aguenta mais. Ensaiou em frente ao espelho,
no trânsito, antes de dormir. Mas, na hora da ação, não consegue
colocá-lo para fora. “Acredite: se você se dispõe a gastar energia com
tanta elaboração, é porque não faz mais sentido manter a situação”,
garante Roberto.
5) Você começa a imaginar planos loucos para fugir da situação
“Pessoas
perfeitamente equilibradas são capazes de bolar planos loucos para
escapar de algo que as desagrade sem precisar enfrentar o incômodo de
frente”, conta Roberto. De acordo com o psiquiatra, planos de fuga ou de
armar escândalos que evitem uma conversa franca são sinais claros de
que é melhor desistir disso e partir para outra.
6) Seu comportamento no dia a dia muda radicalmente
A
cobrança social influencia muito na insistência por se manter em uma
posição desagradável – só de pensar em ter que explicar por que está sem
parceiro ou sem emprego, muitas pessoas optam pela acomodação ruim. As
consequências acabam aparecendo no comportamento. “Mulheres expansivas
tornam-se retraídas e quietas, gente calma fica irritadiça, há quem
entre em depressão”, exemplifica Gisele.
7) A insatisfação passa a ser seu principal assunto
Na
hora do almoço, no happy-hour, ao telefone ou pela internet com as
amigas você sempre fala do emprego que está horrível, do namorado ou
marido que você não aguenta mais. Mesmo que tentem mudar de assunto,
você sempre volta a ele. Quando param de dar atenção às suas reclamações
e mantêm outro tópico, você perde o interesse pela conversa. Gisele
compara essas situações a pensar no problema o tempo todo: “O único
complemento é que, aqui, essa obsessão é em voz alta”.
8) Seus padrões de sono e alimentação são afetados
A
preocupação com algum aspecto insatisfatório da vida pode mudar
drasticamente o sono e a alimentação. “Podem ser notados sinais de
insônia ou de sono excessivo, a pessoa pode comer cada vez menos ou
descontar essa frustração comendo demais. Os padrões se perdem”, afirma
Gisele. O grande problema é que isso afeta também a saúde, então é bom
aplicar mudanças tão logo esses sinais sejam percebidos.
9) A autoestima está baixa
“Quem
se força a viver algo que não lhe faz bem não sente vontade de se
arrumar. Também é comum se sentir feio, mesmo que não seja ou não
esteja”, diz Gisele. Logo, não prestar atenção à roupa que vai vestir
para ir ao trabalho ou para sair e não ter disposição para arrumar os
cabelos, a maquiagem e as unhas são sinais de que algo precisa mudar – e
a iniciativa tem de ser sua.
10) Os amigos e familiares próximos aconselham você a desistir
Se
a situação chega ao ponto de várias pessoas próximas abordarem você
espontaneamente para dizer que o melhor a fazer é desistir de algo, é
porque essa realmente é a melhor opção. “Especialmente hoje em dia, em
que há tanta dificuldade para ser sincero, por medo de perder a amizade.
Quem toma coragem para dar um toque está realmente preocupado”,
ressalta Roberto. Nada de ficar repetindo que estão com inveja de você –
até porque uma vida infeliz não é motivo para inveja. Ouça quem lhe
quer bem e ouça seu coração.
O lado bom
Depois
de alguma reflexão sobre os sinais levantados pelos especialistas, é
preciso enfrentar a inércia, a pressão social e o próprio medo para
poder desistir de algo e seguir adiante, recomeçar. As vantagens são
muitas.
“A pessoa ganha espaço para se renovar e retomar seu objetivo – além da paz de espírito, do sono tranquilo”, afirma Roberto.
“Não
se trata de desistir dos sonhos, mas dos parceiros que fazem mal. Sair
de uma empresa que não lhe valorize abre o caminho para construir uma
grande carreira nas concorrentes. Se o relacionamento não dá certo, não
significa que o projeto de amar falhou, mas sim que com aquela pessoa
não funcionou”.
Gisele acrescenta que o autoconhecimento e o amor-próprio são os maiores benefícios conquistados por quem se permite recomeçar.
“Perde-se
o medo, ganha-se a autonomia. O pensamento se volta para o que vem à
frente, não para o que ficou para trás. E, de quebra, quem tem essa
segurança conquista o fascínio alheio, pois todos olham com admiração
para aqueles que desistem e bancam essa decisão”, finaliza.
fonte : delas.ig.com.br
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