Às vezes só a distância...
por Maria Silvia Orlovas - morlovas@terra.com.br
Quem não precisa ficar só de vez em quando? Espairecer? Mudar de ares?
Isso faz bem para qualquer pessoa, para qualquer relacionamento. Pois muitas vezes nos acostumamos com a rotina, com a forma do outro agir, com o conforto, e até com a falta de conforto.
Você já viu quanta gente se acomoda em relações, em trabalhos ruins, em rotinas que até podem ser mudadas mas os envolvidos não veem uma saída?
É fato que relacionamentos são kármicos, que encontros entre as pessoas acontecem pela lei da atração dos semelhantes e que ao longo da vida vamos nos juntando e nos separando de pessoas, de acordo com a mudança da nossa vibração. Esse conceito espiritual explica o fim de muitos relacionamentos, pois às vezes as pessoas continuam se gostando, e relutam em terminar, em mudar, em sair de casa, ou do emprego. Querem persistir, como na famosa frase até que a morte os separe. Agora o que ninguém avisou é que existe outros tipos de morte, como a morte dos sentimentos, ou a morte da troca, do aprendizado com a outra pessoa ou situação.
Quando não temos mais o que aprender, trocar, a vida impulsiona a uma mudança e isso é muito bom.
Mas quando não temos certeza que o tempo juntos acabou, é muito bom viver uma separação. Pois separados teremos a chance de dar mais ou menos valor a aquilo que vivemos, podemos olhar de fora, com menos paixão e até menos raiva aquilo que nos cerca.
Deixamos de ter tanta certeza...
Mas sei que é difícil agira assim. Geralmente, o simples fato de mencionar uma mudança desestrutura as pessoas, gerando enorme ansiedade. Muitos estão tão atrelados a conceitos antigos e falidos que não se enxergam sozinhos... Sabe aquela velha história de ruim com ele pior sem ele?
Pois bem, será que devemos continuar carregando conselhos que serviam bem para o tempo dos nossos avós?
Devo dizer que sou totalmente a favor do casamento, de relações estáveis, mas com amor, com respeito, com troca. Se perdemos tudo isso que é a base para uma vida saudável, o que sobra? Uma conta conjunta ou dívidas compartilhadas?
Viver com alguém, seja no casamento, na família, ou até mesmo no trabalho tem que ser bom. Não dá para ficar o tempo todo fazendo concessões ou se doando para que o outro progrida, nós podemos amar as pessoas, mas acima de tudo precisamos nos amar.
Mas de novo quando falamos de amor, na maioria das vezes é muito mais natural pensar em amar o outro, ou esperar que ele nos ame do que nós nos amarmos e nos cuidarmos. Esperamos que o amor venha de fora, e nos achamos corretos, espirituais e generosos... Quando na verdade estamos apenas com medo de encarar aquilo que de fato sentimos.
Precisamos, sim, compreender as pessoas, nos doar para o outro, mas não podemos nem devemos ser falsos, mentir que estamos bem, que suportamos certas coisas que não engolimos. De fato casamento, associações, convivência familiar exigem muita luz, muita sabedoria, desprendimento e amor, mas precisamos saber quais são os nossos limites e nos permitir ter esses limites.
Fazer tudo por amor é sinal de falta de autoestima. E muitas vezes para compreender o que está acontecendo de fato, precisamos da distância. Não apenas da distância física, mas do tempo da distância.
Isso funciona muito bem para filhos que vão estudar ou morar fora, para aqueles que casam e deixam de frequentar a casa dos pais, para pessoas casadas que em algum momento precisam repensar a relação, e até para amizades. Pois quando estamos muito juntos, criamos um vínculo sem espaço para respirar, para se enxergar, e até para ver as cosias boas que o outro nos oferece.
Precisamos dos outros, dos espelhos que os relacionamentos oferecem. E precisamos muito da distância para aclarar nossos sentimentos, e dar valor ao que de fato tem valor.
Por Maria Sílvia Orlovas
stum.com.br
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