"O que é a compreensão da espiritualidade?
A crença de que somos espíritos? Não, isso é um pensamento. De fato, ele está mais próximo da verdade do que a ideia de que somos a pessoa descrita na certidão de nascimento, mas, ainda assim, é um pensamento.
A compreensão da espiritualidade é ver com clareza que o que nós percebemos, vivenciamos, pensamos ou sentimos não é, em última análise, quem somos, que não podemos nos encontrar em todas essas coisas, que são transitórias e se acabam continuamente. É provável que Buda tenha sido o primeiro ser humano a entender isso, e dessa maneira anata (a noção do não eu) se tornou um dos pontos centrais do seus ensinamentos. E, quando Jesus disse "Negue-se a si mesmo", sua intenção era afirmar: negue (e assim desfaça) a ilusão do eu. Se o eu - o ego - fosse de fato quem somos, seria um absurdo "negá-lo".
O que permanece é a luz da Consciência, sob a qual percepções, sensações, pensamentos e sentimentos vêm e vão. Isso é o Ser, o mais profundo e verdadeiro eu. Quando sabemos que somos isso, qualquer coisa que ocorra na nossa vida deixa de ter importância absoluta para adquirir importância apenas relativa.
Respeitamos os acontecimentos, mas eles perdem sua seriedade plena, seu peso. A única coisa que faz diferença realmente é isto: podemos sentir nosso Ser essencial, o "Eu Sou", como o pano fundo da nossa vida o tempo todo? Para ser mais exato, conseguimos sentir o "Eu Sou" que somos neste momento? Somos capazes de sentir nossa identidade essencial como Consciência propriamente dita? Ou estamos nos perdendo no que acontece na mente, no mundo?"
Eckhart Tolle
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